Ricardo Voltan*
O tema é muito instigante: o que é Terra Dois. Termo foi desenvolvido pelo médico psiquiatra e psicanalista brasileiro Jorge Forbes e, segundo ele, parece título de filme de ficção científica, como Matrix (o filme de 1999) mas não é.
O mundo que você conhece e foi ensinado é o mundo no formato standard, mas o mundo de hoje é bem diferente.
O que é preciso entender sobre este momento?
Vivemos um tsunami de mudanças independente da nossa origem, idade e cidade onde vivemos.
Por essas mudanças somos hoje pessoas desbussoladas ou sem bússola. Tudo o que conhecemos não é mais o mesmo. Hoje todos podemos mais do que queremos e você pode também. E quando queremos mais é porque nem tudo é ofertado.
De acordo com o psicanalista, a relação de Terra Um e o filme Matrix é que as pessoas hoje podem estar vivendo numa simulação de vida, num mundo imaginário onde as pessoas são prisioneiras da realidade que, na verdade, seria um passado que não volta. Já olhando a linha da longevidade e sua correlação com Terra Dois é que para conseguir seguir em frente e aproveitar tudo o que a vida ainda tem para cada uma das pessoas 50+, é preciso deixar para trás a “Matrix”, o que permitirá ter uma percepção maior sobre quem você é, deixando de lado as crenças paralisantes que se tem sobre si mesmo e, assim, criar uma nova percepção sobre sua vida.
Em Terra Dois, a expectativa de vida é mais longeva. Em meados dos anos 70, a expectativa era de se chegar aos 90 anos; agora chegamos a quase 120 anos. O que será daqui 10 anos?
Um ponto sensível no atual contexto de longevidade: como se olha a morte. Segundo o filosofo alemão Martin Heidegger, “basta ter um minuto de vida para morrer”.
Heidegger define que o ser humano é sempre um ser-no-mundo ou seja ser-em-situação.
O que você quer então?
Alguém que está preso à uma situação continua, algo em que se encontra agora; mas sim, sempre a possibilidade de estar aberto para tornar-se “algo novo”.
Esse “algo novo” podemos chamar de transcendência.
Mas pela essência humana, temos o hábito de nos projetar além do que somos diante do mundo real, escolhemos possibilidades, situações e lugares. Mas para o filosofo alemão, “existir é construir o futuro”, isso distingue as pessoas que buscam o entendimento do agora, e o entendimento de Terra Dois.
Existe um punhado de pessoas que ainda estão prisioneiras de um passado que não existe mais, entendendo que esse é o mundo real. Heidegger diz que “a existência é a maior das certezas humanas”.
Segundo Forbes, a morte está perdendo o sinônimo de velhice e está se tornando uma eterna surpresa a partir do momento que a longevidade está cada vez mais se prolongando.
Toda essa temporalidade de Terra Dois, une a essência com a existência, o sentido de existir. O ser humano é o único ente possibilitado de recomeçar ou reconstruir a sua vida.
Como a lua tem dois lados, as novas tecnologias no dia a dia dos longevos também. Vivemos em um mundo dada vez mais imersivo, quando alguns momentos achamos que estamos jogando um videogame, na verdade estamos entrando numa imersão tecnológica e aprendendo uma série de novas coisas.
A todo momento devemos buscar a versão mais profundas de nós mesmos, fazendo trocas de conhecimento, experiências, atitudes, de energia.
E quando falamos de energias, quando estamos conversando num simples café ou numa reunião mais complexa de negócios, é sempre necessário saber com quem você está fazendo essa troca. Caso contrário ou você vira bateria de recarga ou consome a bateria de alguém.
É isso que você quer?
É importante saber, que a longevidade também está ligada nesses movimentos energéticos e mentais. Não sou especialista no assunto, mas existem vários estudos na internet que mostram que somos campos de energia pura e plena.
É importante o entendimento sobre Terra um, o mundo standard, e Terra dois, e sobre esses paralelos que fazem parte da vida de todos, a todo momento. Os grandes saltos relacionados ao comportamento humano dos longevos são realmente difíceis de serem absorvidos em espaços de tempo muito curtos. É essencial estar “preparado” para essa inovação. Isso é possível.
Tudo é uma questão de óptica.
Vamos pegar o exemplo de um campo de girassóis: para algumas pessoas é simplesmente um campo de girassóis, para outras uma bela foto, para o artista é um quadro de Van Gogh.
Para ser mais detalhista e entender esses olhares e suas correlações com a tecnologia e a sua relação com elas, entenda que existem três tipos do que se chama de personas:
Primeira persona: Aquelas pessoas que não querem que as tecnologias avancem. – BIOCONSERVADORES
Segunda persona: As pessoas que acham que as máquinas vão ultrapassar o Ser Humano – TRANSUMANISTAS
Terceira persona: Pessoas que acreditam na complementaridade. – PÓS – HUMANISTAS.
Essas provocações têm cem por cento de ligação direta com a sua vida.
Está no papel de cada um, de nós longevos, discutir o papel do pós-modernismo e suas aplicações no modo que se está vivendo a vida.
Não podemos nos abster do que está acontecendo a nossa volta e dizer que inovação é aquilo que alguém mais jovem faz. Estamos a cada dia mais imersos em soluções inovadoras por todas as áreas da nossa vida, da mobilidade à saúde.
Pergunte, questione, não tenha medo, as coisas estão aí para serem usadas e apreciadas, escute música no celular, fale com a sua assistente virtual, faça um vídeo chamada com os amigos. Ao final de tudo isso seja feliz.
REFLEXÃO
Pertencimento, tecnologia e inovação não é pensar para o 60+, é pensar com 60+, é a intergeracionalidade, os longevos não são pessoas à parte, mas integrados.
Entenda que para fazer essa mudança, você precisa de uma boa dose de coragem e ter a certeza que a vida é muito melhor do que ela é. O coitadismo, etarismo e tantos outros ismos que têm por ai não nos representam.
*Ricardo Voltan é Entrepreneur | 50+ Entrepreneur | Corporate Advisor | Angel Investor | Corporate Transition | Business Leveraging | Transformation Guide e participa como palestrante da Longevidade Expo+Fórum 2023.