Com uma sólida trajetória no mercado financeiro e atuação destacada na promoção da Economia Prateada, Sergio Duque Estrada lidera iniciativas que conectam tecnologia, inovação e bem-estar ao universo da longevidade. À frente da ATIVEN, organização parceira histórica do Fórum São Paulo da Longevidade (LGVD), ele apresenta, nesta entrevista exclusiva, a visão e as principais contribuições para a edição 2025 do evento.
LGVD – Como a ATIVEN está contribuindo com a programação do Fórum São Paulo da Longevidade 2025? Poderia destacar os principais painéis, apresentações ou projetos que vocês estarão realizando?
Sergio Duque Estrada – Para a edição de 2025 da LGVD, a ATIVEN concebeu três grandes pilares que abordam temas de grande relevância para a melhoria da qualidade de vida no processo de envelhecimento humano. São eles: Economia Prateada, Tecnologia e Inovação e Saúde e Bem-Estar. A programação do evento vai detalhar para o público as diferentes abordagens propostas.
LGVD – Ao liderar iniciativas como o painel “Potência 60+: O Valor Econômico da Longevidade”, você destacou o crescente poder de consumo do público 60+. Que novas tendências de mercado e modelos de negócios a ATIVEN considera mais promissores para este público em 2025?
Sergio Duque Estrada – Na sociedade, as pessoas se afirmam de várias formas, e uma muito importante é a econômica. Existe um certo “delay” no mercado de bens e serviços, que ainda encontra dificuldades para compreender as gerações 60+. Acredito que isso ocorre por três motivos principais:
- Idadismo – o preconceito contra o que é percebido como “velho”, sobretudo em uma sociedade de consumo que associa envelhecimento a algo “descartável”;
- Despreparo de equipes – áreas como marketing e RH, substituídas nos últimos anos por nativos digitais, apresentam pouca empatia com as gerações mais velhas;
- Imediatismo social – a busca por respostas rápidas e resultados imediatos leva a um menor investimento em planejamento de médio e longo prazo, privilegiando campanhas de venda rápida direcionadas aos jovens.
No entanto, isso está mudando, ainda que lentamente. É cada vez mais evidente que o poder de compra está concentrado nos 50+, especialmente nos 60+. Outro fator relevante é a rápida entrada desse público no universo digital. Há dez anos, poucos 60+ faziam compras online; hoje, a maioria já está engajada no digital ou se adaptando para integrá-lo ao dia a dia. Isso cria uma nova dimensão econômica para as empresas.
LGVD – Na sua visão, como os 60+ vêm participando como consumidores ativos de tecnologia, entretenimento e cultura? Que inovações ou serviços ainda faltam para atender melhor esse público?
Sergio Duque Estrada – Durante a pandemia de Covid-19, houve um crescimento expressivo na busca por conhecimento em tecnologias digitais e aplicativos. Como consequência, setores de bens e serviços que vendem online começaram a reconhecer esse “novo consumidor”.
Algumas áreas se destacam:
- Saúde – atendimento, diagnóstico e cuidados ganham força à medida que os 60+ percebem as vantagens da telemedicina, que vem evoluindo rapidamente;
- Cuidado – cuidadores, familiares e o próprio longevo estão cada vez mais engajados e informados sobre novas formas de cuidado e tratamento;
- Pets – tema de um painel especial no Fórum, já que os benefícios dos animais de estimação para o bem-estar dos longevos são cada vez mais evidentes;
- Turismo – o setor se reinventa, oferecendo viagens educativas, minicursos, pequenos grupos, esportes e caminhadas, além de vantagens de custo por evitar períodos de alta temporada;
- Mercado imobiliário – ainda pouco atento ao potencial do público 60+, mas com grande espaço para planejamento e verticalização de empreendimentos;
- Mercado financeiro – apesar do potencial, ainda oferece poucas soluções além do crédito consignado.
LGVD – A ATIVEN é parceira de longa data do Fórum. Como essa colaboração reflete os valores e objetivos de promover uma presença madura, ativa e empoderada no Brasil? E o que muda ou se renova a cada edição?
Sergio Duque Estrada – A ATIVEN é parceira desde a primeira edição do Fórum São Paulo da Longevidade, o que nos honra muito, pois consolida nossa missão de atender às necessidades e desejos não só dos 60+, mas de todo o processo de envelhecimento humano, em um espaço focado e de excelência, que amadurece e evolui a cada ano.
Estamos todos em uma curva de aprendizagem, pois efetivamente é algo novo no Brasil. Temos avançado bastante, aprendendo a ouvir a sociedade e a nos comunicar melhor com setores políticos e econômicos, públicos e privados.
Um ponto importante dessa parceria é o curso inaugurado em conjunto com a FIA e o Fórum, o MERCADO 50+, que já está disponível e busca suprir a lacuna de conhecimento das empresas sobre a Economia Prateada na prática. Com um corpo docente de alto nível, o curso aborda desde conceitos fundamentais até áreas como imobiliário, RH, preconceitos empresariais, UX/UI, aplicativos, startups seniortechs, marketing, saúde, bem-estar e educação. O formato online e assíncrono permite flexibilidade para os alunos.
LGVD – Considerando que o público 60+ já representa cerca de R$ 1,3 trilhão em poder econômico no país e sustenta 24% dos lares brasileiros, como você avalia o potencial da longevidade para gerar empregos, negócios e impacto social nas próximas edições do Fórum?
Sergio Duque Estrada – À medida que o mercado compreende o “oceano azul” de oportunidades que o segmento 50+ representa, o Fórum São Paulo da Longevidade se consolidará não apenas como vitrine política e social para os idosos, mas também como vitrine econômica. Já vemos sinais claros disso: a mídia tem dado destaque crescente ao tema do envelhecimento, antes “invisível”, e hoje presente em capas de jornais e edições especiais de revistas de economia e finanças. Até o setor da moda já aderiu a essa nova realidade. O mercado demorou, mas parece disposto a recuperar o tempo perdido.
LGVD – A programação da ATIVEN no Fórum também destaca cases de startups e seniortechs voltados ao público 50+. Qual a relevância dessas iniciativas para impulsionar inovação e soluções específicas para a longevidade? Pode citar exemplos de empresas que estão transformando o ecossistema?
Sergio Duque Estrada – As seniortechs são fundamentais porque têm o consumidor longevo como foco principal. Isso não exclui outros públicos, mas inverte a lógica: o modelo de negócio parte do estudo do envelhecimento para, depois, atender também gerações mais jovens.
A inovação foi duramente impactada pelas altas taxas de juros no Brasil, que afastaram investidores, já satisfeitos com rendimentos seguros da Selic. Fundos Anjo e de Venture Capital tiveram baixo desempenho, com exceções nos setores financeiro e de inteligência artificial. Mesmo assim, há exemplos de resiliência entre seniortechs, como Labora, Maturi, Fisiocloud, Lonvi e Conex60. No exterior, há ainda mais casos, já que as condições de financiamento são mais estáveis.
LGVD – Ao dedicar sua carreira ao universo da longevidade e trabalhar diretamente com esse segmento, como isso impactou sua própria percepção sobre envelhecer? O que mudou na sua forma de enxergar a longevidade e seu propósito de vida?
Sergio Duque Estrada – Minha trajetória começou no setor financeiro. Sou formado em Administração pela FGV, pós-graduado em Finanças pela PUC-RJ e tenho MBA pela New York University. Atuei como assessor da presidência do BNDES, trabalhei em bancos nacionais e estrangeiros, sempre com fusões e aquisições, reestruturação e recuperação judicial de empresas. Hoje sou sócio da Valormax, consultoria financeira, conselheiro de organizações e mentor de startups.
Meu encontro com o mercado prateado aconteceu em 2017, quando completei 60 anos. Desde então, essa nova jornada me proporciona satisfação e um senso de contribuição social que não havia experimentado antes. Tornou-me mais empático, aguçou minha vontade de lutar pelo reconhecimento da importância das gerações 50+ e reforçou minha crença no valor inestimável da intergeracionalidade para o progresso da sociedade.
Fórum São Paulo da Longevidade
De 27 a 29 de outubro de 2025, o Fórum São Paulo da Longevidade realizará sua 7ª edição no Centro de Convenções do Expo Center Norte e se consolida como o maior evento dedicado à longevidade e à economia prateada do país!
Com o apoio da Cidade de São Paulo e mais de 50 instituições públicas e privadas, o evento reunirá líderes e formuladores de políticas e projetos voltados para o público 50+, com três dias de muito conteúdo e informação.
• 7 auditórios simultâneos
• + 200 horas de conteúdo
• Congressos, conferências e workshops
• Saude, inovação, políticas públicas, educação, trabalho, empreendedorismo e muito mais.
Com os temas definidos e programa em andamento, o Fórum já está com as inscrições abertas. Peça agora a sua credencial e escolha os eventos de seu interesse no link.
Vamos juntos transformar o futuro da longevidade — agora. Aproveite e faça já a sua inscrição no Fórum São Paulo da Longevidade. Acesse o site e garanta a sua participação!