Apresentado pelo ator Odilon Wagner, o painel contou com a participação do doutor em comunicação, Flávio Morgado, e da fundadora do Geração Ilimitada, Márcia Monteiro, para discutir o impacto das notícias falsas na vida dos longevos
“Hoje vamos ter dois painéis interessantíssimos e vamos falar de um tema bastante atual. As fake news e como essas notícias falsas podem afetar a nossa saúde e a nossa vida”. Foi com esta frase que o ator e diretor Odilon Wagner abriu o III Congresso Unimed da Longevidade, no segundo dia da Maratona Digital da Longevidade Expo+Fórum.
Wagner mediou a conversa com o doutor em comunicação e semiótica, pesquisador nas áreas de envelhecimento, sistemas de informação, gestão em saúde e impactos sociais da tecnologia da informação, Flávio Morgado, e a pesquisadora de tendências da longevidade, fundadora do Geração Ilimitada e chefe de redação do Globo Repórter, Márcia Monteiro.
O debate começou com os especialistas esclarecendo a diferença entre desinformação e crença. Para Márcia, as fake news são falsidades criadas “com aparência de notícia jornalística, que têm o objetivo de enganar a pessoa na tomada de decisão ou de definir uma opinião sobre algo ou alguém”.
Já Morgado descreve a notícia falsa da seguinte maneira: “As fake news são um produto da aceleração da produção de conteúdo e da criação de bolhas de crenças. As notícias falsas têm o poder de dizer aquilo que as pessoas querem ouvir e, para isso, recorrem à desinformação”.
Wagner questionou os participantes sobre o impacto da quantidade de informação que recebemos diariamente. Para Márcia, o volume de informações é tamanho que ela classifica o momento como uma ‘infodemia’. “É o excesso de informação e isso se dá, em parte, porque ocorre a multiplicação de fontes de informação. A internet cria o ambiente ideal para essa informação que é de fácil replicação, mas muito difícil de ser rastreada”.
Monteiro continuou. “Quando falamos dos mais velhos, a situação fica ainda mais delicada, porque a geração dos longevos foi a que mais cresceu e que aderiu ao mundo digital sem estar realmente preparada e alerta para o uso desta tecnologia”
Longevos x fake news
Entre os agentes de propagação das fake news estão os longevos. “Uma pesquisa realizada pela Universidade de Princeton, publicada na revista Science Advanced, feita com 3.500 pessoas sobre o compartilhamento de notícias falsas, indicou que as pessoas com mais de 65 anos têm 7,5 vezes mais chances de publicar notícias falsas do que os jovens entre 18 e 29. Isto porque as pessoas de mais idade tendem a confiar na fonte que lhes parece fidedigna”, conta Márcia.
E o que fazer para não estar à mercê das falsidades? Márcia deu algumas dicas que podem ajudar a reconhecer fake news. “Ao receber uma informação, procure consultar outros sites de notícias para comprovar se a informação está sendo divulgada. Notícias falsas têm títulos muito chamativos, o que pode ser um alerta. Atenção a datas e verifique o nome da fonte da informação, da instituição e, se a notícia faz referência, por exemplo, a uma pesquisa feita por uma instituição, investigue essa instituição para confirmar que tal pesquisa existe de fato”.
Morgado enfatizou que as fake news são perigosas não apenas por disseminar inverdades, mas porque podem influenciar comportamentos nocivos à população. “A questão da antivacina e a crença em tratamentos ineficazes são apenas alguns exemplos de como pode ser perigoso divulgar informações erradas”, explicou Morgado. “Ser crítico dá trabalho. Imagina ter que verificar cada informação que se recebe. Além disso, queremos fazer parte dos grupos e ser aquele que diz o que é inédito para nos sentirmos especiais frente ao nosso grupo. Mas, temos que ter discernimento antes de replicar uma mensagem, porque podemos desinformar ao invés de informar”.
A íntegra do painel está disponível no canal da Longevidade Expo+Fórum no Youtube. Clique aqui.