A Associação Brasileira de Alzheimer e Doenças Similares busca conscientizar, informar e educar a sociedade sobre diagnóstico, tratamento e prevenção. Tema integra painel durante 4ª Longevidade Expo+Fórum, em São Paulo
Setembro é o mês mundial dedicado à doença de Alzheimer, uma campanha realizada pela Alzheimer’s Disease International (ADI) com o objetivo de combater estigmas, preconceitos e a falta de informação sobre doenças que causam demência, em especial o Alzheimer. Segundo estudo publicado na Revista Brasileira de Epidemiologia em 2021, cerca de 1 milhão de brasileiros sofrem de demência atualmente, sendo a maioria portadores da doença de Alzheimer.
Há 30 anos, o país contabilizava 500 mil nessa situação e, de acordo com os cientistas responsáveis pela pesquisa, daqui a 30 anos o número chegará a 4 milhões. A ABRAz (Associação Brasileira de Alzheimer e Doenças Similares) realiza um trabalho de apoio psicológico e educativo a pacientes e familiares que convivem com a doença.
O Alzheimer é a forma mais conhecida das doenças ligadas à demência. Ele ocorre quando o processamento de certas proteínas do sistema nervoso central começam a funcionar de forma errada, dando origem assim a perda progressiva de neurônios em algumas regiões do cérebro, como o hipocampo, que controla a memória, e o córtex cerebral, essencial para a linguagem, raciocínio, memória e reconhecimento de estímulos sensoriais.
A doença se apresenta em diferentes estágios, sendo comum nos casos mais leves perda de memória recente, dificuldade para encontrar palavras, estágios breves de desorientação e falta de estímulo para as atividades do dia a dia. Nos casos mais graves, a pessoa pode ter comprometimento total da memória, agressividade, dificuldade de deglutição, prejuízos nas habilidades motoras, incontinência urinária e fecal, entre outros problemas. É uma doença neurodegenerativa que não há cura, porém, com um tratamento que use de medicação correta e incentivos físicos e cognitivos, o paciente pode apresentar melhora ou estabilização dos sintomas.
De acordo com a médica geriatra e presidente da ABRAz – Regional São Paulo, Celene Queiroz Pinheiro de Oliveira, a desinformação é ainda o maior vilão para o avanço da sociedade em relação ao tema. “O relatório da ADI, publicado em 2019, evidenciou que duas a cada três pessoas acreditam que a doença de Alzheimer seja secundária ao envelhecimento normal. Outro ponto alarmante é que um em cada quatro acham que não existe nada a ser feito. Isso nos mostra que ainda existe um longo caminho a ser percorrido no combate ao estigma dessa doença”, explica.
A entidade existe desde 1991 e promove grupos de apoio emocional, psicológico e informativo para familiares e cuidadores de pessoas com demência. A associação realiza também atividades de saúde continuada através de lives e projetos científicos, como a Jornada Paulista de Alzheimer, que está em sua quinta edição.
“São atividades fundamentais para atualização sobre o tema sempre realizadas de forma gratuita, para alcançar o maior número possível de profissionais. Percebemos que existe uma grande carência de informações de qualidade sobre o assunto, por isso, a ABRAz visa difundir esse conhecimento, de modo a proporcionar que mais pessoas com demência e suas famílias possam ter maiores possibilidades de acesso a profissionais familiarizados com a doença”, diz Celene.
Família também precisa de suporte
A entidade prioriza ainda o acolhimento e o compartilhamento de experiências entre os familiares que convivem com uma pessoa com algum tipo de demência. São mais de 20 grupos ativos na capital, litoral e interior de São Paulo.
“Tratar a família é fundamental, pois muitas vezes eles não estão preparados para lidar com essa situação, muitos, inclusive, desconhecem o Alzheimer. É preciso acolher, instruir e acompanhar esse núcleo familiar, oferecendo todo suporte necessário. No momento nossos encontros estão sendo remotos devido à pandemia da Covid-19, mas mesmo assim nos reunimos com frequência e o acompanhamento é ininterrupto”, explica a diretora da ABRAz Regional São Paulo e coordenadora dos grupos de apoio da associação, Carmen Silvia Calandria Ponce.
Envelhecimento ativo e saudável precisa ser mais debatido
Ainda não é possível afirmar a principal causa do Alzheimer, mas pesquisadores alertam que além de fatores genéticos, é importante também controlar fatores de risco como hipertensão, obesidade e, principalmente, sedentarismo. De acordo com a publicação da Revista Brasileira de Epidemiologia, 75% das hospitalizações decorrentes de demência no país são atribuídas à inatividade física. O estímulo aos exercícios físicos e mentais é a chave para um envelhecimento saudável e ativo.
“A entidade luta muito por campanhas em parques e vias públicas para conscientização e quebra do estigma sobre a doença de Alzheimer e similares. É preciso fortalecer as políticas públicas para o benefício da pessoa com demência e suas famílias, além de estimular a prevenção por meio de um envelhecimento ativo e saudável. Ao descobrir uma demência as pessoas são envoltas em desesperança, já que são doenças que não têm cura. No entanto, há muito que pode ser feito. Quanto mais cedo for dado o diagnóstico e iniciar o tratamento, maior a possibilidade de obtermos essa evolução favorável”, destaca Celene.
O painel “O cuidado com idosos com demência – Novas soluções para atenuar os impactos do Alzheimer” será um dos temas apresentados durante a Longevidade Expo+Fórum 2022, um encontro voltado integralmente às questões do envelhecimento. A palestra será ministrada pela Dra Denise Madi Carreiro, nutricionista e autora de 15 livros sobre nutrição e arSgos, com moderação de Marcia Vieira, CEO da MasterCare Brasil.
O painel integra o CONACARE 2022 – Congresso Nacional de Cuidadores, Cuidados e Longevidade, que acontece no dia 29 de setembro, às 17h30 no auditório 2. O evento acontece de 29 de setembro a 1º de outubro de forma híbrida e é necessário se inscrever para as palestras escolhidas. Faça seu cadastro no site: longevidade.com.br.