9 de Maio de 2019 às 12:17
Maribel e Ignacio vivem em um sobrado com um jardim interno onde brinca seu cachorro em Valencinas, nos arredores de Sevilha. Uma casa espaçosa onde, a priori, qualquer casal à beira da aposentadoria gostaria de passar essa etapa da vida. Mas essa ideia não está em seus planos. Maribel e Ignacio pretendem viver esta nova etapa de vida, chamada de madurescência, junto com outros amigos, cuidando uns dos outros, compartilhando hobbies, mantendo uma vida ativa e garantindo sua autonomia pessoal em um lugar projetado por eles e para eles, de acordo com suas necessidades.
Maribel, de 61 anos, funcionária da Junta da Andaluzia há mais de quatro décadas, e seu marido Ignacio, de 63, diretor de banco aposentado antecipadamente, buscam, como muitos de sua geração, afastar os fantasmas da solidão, do isolamento e da dependência, e encontraram no modelo de moradia colaborativa, conhecido pelo termo em inglês cohousing (“coabitação”), a solução perfeita.
Esse fenômeno, estabelecido há anos no centro e no norte da Europa, ainda está dando seus primeiros passos na Espanha, mas está se expandindo com muita rapidez. Atualmente há 30 projetos em todo o país, a maioria na Andaluzia, na Catalunha e em Madri.
Todos os projetos de cohousing, com suas variações, estão perfeitamente organizados em fases. Na primeira, o grupo motor, um pequeno número de indivíduos, define o modelo de convivência e adota as decisões por unanimidade. Em seguida vem a etapa de atrair sócios e buscar terreno e financiamento. E depois começa, finalmente, a convivência. O período entre a concepção do projeto e o início da convivência dura, em média, seis anos.
O exemplo do Trabensol
Embora cada iniciativa procure adaptar os diferentes modelos existentes às suas próprias necessidades, todas buscaram alguma inspiração no exemplo do centro residencial Trabensol, em Torremocha de Jarama, na comunidade autônoma de Madri, a primeira experiência de cohousing surgida na Espanha.
Seus 54 sócios — cada sócio pode ser um casal ou um indivíduo, no total são 80 residentes — vivem desde 2013 sob o sistema de moradia colaborativa, uma forma de organização com a qual já estavam familiarizados, já que a maioria deles vem do mundo do cooperativismo.
Um escritório de jovens arquitetos projetou para eles um edifício que atendia aos seus pedidos: que fosse bioclimático, tivesse um impacto mínimo no meio ambiente e acarretasse poucas despesas de manutenção. Os moradores se organizam em vários comitês, do de economia ao de jardinagem, e desenvolvem atividades abertas a toda a cidade. Eles têm uma lista de espera de 26 sócios.
Sevilha, pioneira em alternativas habitacionais
A administração municipal de Sevilha é pioneira em fórmulas habitacionais. Entre seus projetos está uma iniciativa de cohousing promovida pela própria administração, além de outra que é uma mistura entre essa fórmula e uma residência de estudantes no centro da cidade, que busca solucionar o problema residencial e combater os efeitos da turistificação.
Além de Sevilha, outros Governos municipais na Andaluzia, como os de Huelva, Córdoba e Antequera, assim como o de Rivas Vaciamadrid em Madri, estão promovendo iniciativas habitacionais de cohousing.
Fonte: El País. A matéria na íntegra pode ser lida aqui.