A pauta de diversidade foi um destaques do segundo dia da Longevidade Expo+Fórum com o lançamento nacional do Movimento E.L.U.S. (Educação em Longevidade, Unindo a Sociedade) pela edtech Rede Longevidade. A proposta é que o E.L.U.S articule a participação de representantes de diferentes idades, gêneros, raças, pessoas com deficiência e do universo LGBTQIA+ em torno de iniciativas em prol da educação em longevidade.
Para refletir essa ideia, o painel que aconteceu no Longevidade Expo+Fórum reuniu no palco vozes da diversidade como Mona Rikumbi (ativista, artista e primeira mulher negra cadeirante a dançar no Theatro Municipal de São Paulo); drag queen Vera Ronzella; André Almada (empreendedor, criador e co-fundador do Grupo The Week, representante do movimento Orgulho Gray); Viviane Bellini (diretora de Expansão da Rede Longevidade); o médico gerontólogo, Dr. Alexandre Kalache, que é também é presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil (ILC-BR) e a empresária Luiza Helena Trajano.
A drag queen Vera Ronzella abriu o diálogo do painel animando o público do evento e contando um pouco sobre a sua personagem, que é criada pelo artista Alexandre Santucci, com o intuito de trazer a representatividade da maturidade homenageando ícones da cultura brasileira que mulheres que são 50+ como Hebe Camargo, Dercy Gonçalves e Dalva de Oliveira. Ele destacou a importância da Longevidade Expo+Fórum como um evento que possibilita a união de diferentes vozes com o objetivo de fazer valer os direitos do público longevo, incluindo aqueles que fazem parte da comunidade LGBTQIA+.
A diretora-executiva da Rede Longevidade e idealizadora do movimento, Michelle Queiroz, e a jornalista Mariza Tavares, autora do livro “Longevidade no cotidiano: a arte de envelhecer bem” conduziram o painel. Marize observou que a primeira experiência de preconceito e etarismo com as mulheres acontece quando elas chegam a fase da menopausa.
“As mulheres chegam a ser expelidas do mercado de trabalho nesta fase. As empresas não entendem que estão perdendo um capital intelectual da maior relevância porque uma mulher entre 45 e 50 anos está no auge da sua vida profissional e capacidade para lidar com problemas. Minha jornada é normalizar essa discussão sobre menopausa e envelhecimento para que todos façam parte dessa briga”, disse a jornalista.
A ativista Mona Rikumbi, alertou para a baixa expectativa de vida das mulheres negras e periféricas, que ganharam apenas quatro anos a mais nesta previsão desde a abolição da escravatura. “O que me consola é que sempre pensei na vida a partir da visão de mundo africana. Nesta tradição não há o medo da morte e nem de envelhecer porque é entendo que isso é o curso natural da vida. Ao contrário da visão eurocentrismo que estamos acostumados no Brasil, que busca incansavelmente o elixir da vida eterna. Para mim a longevidade é também acreditar que o fim não é fim e dar dignidade na vida e na morte para todos”, disse Mona.
Já André Almada falou sobre a preocupação com a preparação das pessoas que fazem parte da comunidade LGBTQIA+ para a longevidade. “Precisamos nos unir e criar uma rede de proteção que oferece acolhimento durante a maturidade dessa população porque é a fase que estaremos mais vulneráveis e, por muitas vezes, sem o apoio de uma família com o sentimento da solidão”, afirmou. E o gerente geral do Longevidade Expo+Fórum, Antonio de Carvalho Junior, ressaltou que o evento é o espaço ideal para parar, pensar, trocar conhecimentos de como podemos contribuir para os excluídos da nossa sociedade e projetar os próximos anos com qualidade de vida, criatividade e felicidade.
Para fechar, a idealizadora do movimento E.L.U.S, Michelle Queiroz, ressaltou que o convite do movimento é revolucionar a educação em longevidade no coletivo.”Ninguém estudou sobre longevidade na escola ou fez treinamento corporativo sobre o assunto. Está na hora de nos unirmos como sociedade e colocar a longevidade na pauta da Educação deste país, seja formalmente com o engajamento de políticas públicas ou seja fora dos palanques na realidade das nossas comunidades, organizações e empresas”, afirmou Michelle.
Prêmio Pró- Longevidade
O encontro para o lançamento do movimento E.L.U.S serviu também para a entrega do Prêmio Pró- Longevidade, que é promovido pela Rede Longevidade. A homenageada deste ano foi a empresária Luiza Helena Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza e do Grupo Mulheres do Brasil. “O prêmio é feito no formato do símbolo do infinito para lembrar que a nossa vida é finita, mas se torna infinita pelo que legado que vamos deixar”, disse Michelle Queiroz, ao entregar o prêmio.
Luiza aproveitou a ocasião para destacar o papel da sociedade civil como uma força capaz de promover mudanças no país por meio do envolvimento na exigência de criação de mais políticas públicas que privilegiam os mais vulneráveis. “Não pertenço a nenhum partido, mas sou uma pessoa política porque sei que são as políticas públicas os meios responsáveis para promover mudanças reais no Brasil”, disse. Ela falou sobre o Grupo Mulheres do Brasil, que possui uma rede de 110 mil participantes, e tem o intuito de engajar a sociedade civil na conquista de melhorias para o país.
“Estamos no momento com o movimento PULA PRA 50, que tem como objetivo aumentar a representação feminina na política, com o compromisso voluntário de candidatas e mandatárias Congresso e Câmaras Estaduais para o apoio a causas e pautas prioritárias do Grupo Mulheres do Brasil”, explicou a empresária. Outros pontos destacados foram o processo seletivo de trainee exclusivo para negros que foi realizado pela Magazine Luiza e o empenho da companhia com iniciativas para empregar pessoas 50+.