Painel contou ainda com a participação de Maria Célia Abreu e Egídio Dorea
Para os jovens e adultos é muito comum o debate sobre propósito de vida, que, na maioria das vezes, envolve temas como família, carreira e conquistas pessoais. Já na longevidade esse assunto vira tabu, sendo raramente explorado em nossa sociedade. De acordo com o professor e filósofo Luiz Felipe Pondé, os motivos para tal fato são muitos, começando por um modelo de sociedade focado nas cadeias de produção e consumo, que desconsidera a participação e os desejos do público longevo.
Durante painel especial na Longevidade Expo+Fórum 2022, o filósofo falou sobre a novidade que é envelhecer e a importância do autoconhecimento nesse processo. “A longevidade é uma coisa nova para nossa espécie, estamos aprendendo ainda como lidar com isso”. O professor chama a atenção também para o debate de liberdade de escolha do longevo, já que, muitas vezes, a sociedade quer inseri-lo de forma forçada em determinados grupos. “O autoconhecimento é importante nessa fase porque somos muito cobrados na longevidade, ou você precisa ser muito moderno ou muito recluso, como se não existisse o meio termo. Falta atenção à experiência interna dos longevos”, destaca Pondé.
Presente no encontro, a mestre e doutora em psicologia da educação Maria Célia de Abreu, que também é fundadora e coordenadora do IDEAC, cujo foco principal é a psicologia do envelhecimento, lembra que é preciso quebrar paradigmas e normalizar a idade sênior. “Não podemos associar velhice com decrepitude. Esta é uma fase da vida como qualquer outra e, justamente por isso, é preciso de propósito. Não dá para vivermos sem propósito”. Maria Célia destaca ainda que há desafios em todas as etapas da vida, independente da idade. “Falam muito que é difícil ser longevo, mas, ser adolescente dá muito trabalho. É um período de descobertas, de escolha da profissão, sexualidade. Ser criança e descobrir como juntar letras para formar palavras também é muito desafiador. Não há diferenças valorativas nas fases da vida”.
A falta de discernimento sobre o que é o propósito foi outro ponto levantado pelos palestrantes. Luiz Felipe Pondé destaca que o marketing agressivo do mundo atual pode acabar confundindo as pessoas e dando a elas uma falsa ideia de propósito. “Hoje em dia quase tudo é marketing, o que nos faz redobrar a atenção com as modas. Estejamos atentos ao que querem nos vender, pois, às vezes, o propósito também pode ser um produto. Seja um agente da sua vida, e não apenas um objeto”, finaliza Pondé.
O painel “Cheguei aos 60, e agora? Vamos falar de propósito?” foi moderado por Dr. Egídio Dórea, médico e doutor em nefrologia pela Universidade de São Paulo, coordenador da USP 60+, além de diretor da Ativen e Aging 2.0 SP e professor da faculdade de medicina da Universidade São Caetano do Sul. Esse foi um dos grandes destaques da edição de 2022 da Longevidade Expo+Fórum. O evento deste ano já tem data, de 29 de setembro a 1º de outubro no Expo Center Norte, em São Paulo.
A íntegra deste painel e de toda a programação da Longevidade Expo+Fórum de 2022 está disponível no canal do evento no Youtube. Clique aqui.
(Texto: Aline Porfírio / Foto: Divulgação)