Crenças religiosas ajudam no autoconhecimento e na busca por um propósito de vida
Existem evidências crescentes de que a espiritualidade pode estar relacionada a uma vida mais longa e saudável. Estudos mostram que pessoas que praticam alguma forma de espiritualidade ou religiosidade tendem a ter mais resiliência, propósito e um melhor bem-estar emocional e mental, o que favorece uma vida mais longa e feliz.

Na edição de 2022, a Longevidade Expo+Fórum explorou esse tema em um painel ecumênico, que contou com representantes de diferentes religiões, como cristianismo, budismo e candomblé. “Não há como falar de religiões de matrizes africanas sem falarmos de respeito aos mais velhos. Em nossa cultura, valorizamos muito a sabedoria que é passada de geração para geração, afinal, é uma crença focada na ancestralidade de mais de 10 mil anos. Inclusive, acreditamos que o equilíbrio da nossa energia, o axé, é o que favorece a longevidade”, explica Leonel Monteiro, Sacerdote Ogan e presidente da Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro Amerindia (Afa). No candomblé, a figura longeva está presente em diversas entidades, como Náná e Órinsanlá.
Não é apenas nas religiões de origem africana que a longevidade é respeitada. O budismo também valoriza a idade, pois acredita-se que esse é o período onde a pessoa atinge a maioridade espiritual. De acordo com SRI Prem Baba, mestre espiritual brasileiro, quando as forças físicas diminuem, o amadurecimento espiritual começa.

“A longevidade é o ponto mais importante da vida de uma pessoa, mostra que ela chegou a maturidade espiritual. Por isso, é importante entender a impermanência da vida e das coisas, aceitar as transformações, buscar o autoconhecimento através da meditação e aproveitar essa maturidade espiritual para ajudar em aconselhamentos. A espiritualidade nos ajuda a encontrar um propósito e a servir, dá sentido à vida”, destaca.
A bíblia, livro das tradições cristãs, está repleta de exemplos de líderes longevos que encontraram seu caminho já na maturidade, como explica o Cônego e mestre em Teologia José Bizon. “Abraão gerou um filho aos 100 anos e foi responsável por transmitir seu conhecimento aos seus descendentes. Moisés viveu 120 anos e conduziu seu povo à Terra prometida já com certa idade”.

O padre destaca que a longevidade foi o tema escolhido pelo Papa Francisco em uma de suas catequeses no ano de 2022 e reforçou que o pacto entre as gerações é uma benção para a sociedade. “Não tem coisa mais bonita do que ver a relação de um longevo com uma criança, a conexão entre essas gerações. Precisamos valorizar a longevidade como fazem algumas nações, com destaque para os povos indígenas. Nas tribos, os caciques e pajés são pessoas mais velhas, que transmitem sua sabedoria e são extremamente respeitados pelos outros”.
Os participantes do debate apontam como desafio das religiões o cuidado e o tratamento com a longevidade e com a espiritualidade, buscando integrar mais as diferentes gerações. “Vivemos em uma sociedade de consumismo e descarte, inclusive das pessoas mais velhas. É preciso refletir e entender que os avós são preciosos pedaços de pão que podem nutrir a nossa vida com memória e sabedoria”, reforça o cônego José Bizon.
Quer ver a íntegra do painel e todos os outros da edição 2022 da Longevidade Expo + Fórum? Acesse o canal do evento no Youtube. Clique aqui.
(Texto: Aline Porfírio / Imagens: Divulgação)