Palestra de curadoria da Aging2.0 e Ativen trouxe à edição de 2022 reflexões sobre erros e acertos dos produtos e serviços para o público sênior
A qualificação do mercado para atender às necessidades do público longevo no Brasil e no mundo, a oferta de bens e serviços que supra os desejos dessa população e a preocupação com a aposentadoria foram algumas das perguntas que dominaram um painel especial sobre mercado durante a Longevidade Expo+Fórum 2022.
Com curadoria da Aging2.0 e Ativen, o debate “Um olhar mercadológico sobre o que consomem e como os longevos querem ser percebidos” trouxe à tona as lacunas e as potencialidades do mercado em relação à população sênior, além de desmistificar e enterrar velhos estereótipos ligados aos desejos de consumo dos longevos.
“A cada 28 segundos, nasce uma pessoa 60+ no Brasil e isso merece muita atenção”, destaca o moderador do painel, Sergio Duque Estrada, diretor da Aging2.0. Na ocasião, Duque Estrada trouxe ao palco exemplos de produtos comumente encontrados em farmácias e supermercados, porém, que não atendem às necessidades dos longevos.
O executivo citou o caso de produtos com letras minúsculas nos rótulos, que dificultam a leitura, além de medicamentos voltados para pessoas 60+ que não são funcionais. “Esse medicamento aqui para próstata, por exemplo, é muito consumido por pessoas acima dos 60 anos, mas, eu conheço pessoas que usaram e engasgaram devido à película áspera que ele tem. Esse é um grande exemplo da falta de preocupação e percepção do mercado conosco”, explica.
Para Egídio Dorea, médico e coordenador da USP 60+, o mercado não identifica o indivíduo longevo e/ou o enxerga de acordo com velhos estereótipos e vieses sociais. “Homogeneizar essa população é o primeiro erro que leva ao etarismo. Não somos todos iguais, estamos em diferentes fases de vida e isso deve ser respeitado”, reforça. O médico afirma ainda que o debate acerca do assunto deve ser contínuo, para que sociedade e mercado comecem a se conscientizar da necessidade de mudança.
Oportunidades – De acordo com pesquisa da Bússola 60+, hoje não há marcas exclusivas voltadas para o público 60+ no Top of Mind, porém, o potencial é gigantesco, uma vez que esse grupo está presente em diversos setores, inclusive na internet.
Ainda segundo o estudo, vários segmentos estão em alta para o público sênior, como: planos de saúde, suplementos vitamínicos, viagens, turismo, aplicativos, cursos à distância, entre outros.
Entretanto, para que essas marcas tenham sucesso, os palestrantes reforçaram a necessidade de participação ativa dos longevos em sua construção. “Tivemos um estudo recente sobre os desejos da população longeva e uma coisa ficou evidente: queremos ser ouvidos. Não queremos que uma empresa institua o que ache bom para nós. Nós queremos escolher”, cita Dorea.
Eduardo Meyer, consultor da Trabalho 60+, trouxe para a roda de conversa a importância da participação dos longevos e da multigeracionalidade no combate ao etarismo para a transformação desse pensamento mercadológico.
“Há preconceito em ambas as partes. O jovem também sofre preconceito, acham que eles não sabem nada. Já com idosos, acham que esquecemos de tudo. Enfim, por isso a necessidade de integração geracional, da ação conjunta”.
Sérgio chama a atenção para que as empresas se adaptem aos novos moldes da longevidade, ou poderão perder espaço e ativos no mercado, uma vez que o envelhecimento da população é uma realidade que ganha cada vez mais velocidade.
“Acordem, empresas! Estamos falando de trilhões que movimentam essa economia. Queremos ser ouvidos, portanto, a máxima que fica é: nada para nós, sem nós. Vamos transformar”.
Confira a íntegra do painel no canal da Longevidade Expo+Fórum no Youtube. Clique aqui.
(Texto: Aline Porfírio / Imagens: Divulgação)