O evento acontece anualmente em São Paulo e reúne os principais players do setor para debater uma sociedade mais justa e inclusiva para o longevo.
A 7ª edição do Fórum São Paulo da Longevidade 2025, que se encerrou nesta quarta-feira (29), tratou sobre direitos do idoso e envelhecimento ativo, saudável e digno. Exemplo disso foi a mesa de debates mediada pelo Sesc. O evento recebeu Sandra Gomes, fundadora da consultoria Longevita e gestora pública, e Huri Paz, mestrando em Sociologia pela USP e pesquisador sobre desigualdades raciais. Os especialistas discutiram os desafios para garantir os direitos do idoso do ponto de vista das políticas públicas e do enfrentamento das desigualdades.
Huri Paz falou sobre o envelhecimento da população negra e pobre no Brasil. “A população brasileira é composta, em sua maioria, por negros até os 60 anos, quando o quadro se inverte, ou seja, o negro não atinge a longevidade da mesma forma que a população branca”, contou Paz. A diferença na expectativa de vida passa por questões de acesso à saúde, alimentação, educação, moradia e território.
Para Sandra Gomes, o diálogo é fundamental para que o gestor tenha ferramentas para superar os desafios da desigualdade social, da heterogeneidade da velhice, da interseccionalidade (sobreposições de opressões: sexo, poder aquisitivo, raça) e do idadismo. “Política não se faz sozinho. A política é técnica, mas é preciso ter ética para que a sociedade avance nas políticas públicas que atendam à população em sua diversidade”, completou.
Morar com qualidade
Dimas Moura, fundador e criador de conteúdo do canal Sou Mais 50, falou sobre as melhores cidades para se viver em São Paulo na longevidade. Ele acredita que, em cada fase da vida, precisamos de lugares diferentes para viver, de acordo com nossas necessidades. “Não há cidade perfeita no mundo, porque o ser humano é único e cada um procura coisas diferentes. Mas precisamos resolver a nossa síndrome de vira-lata, porque nem sempre as cidades de fora do país são melhores que as brasileiras”, disse Moura.
O influenciador diferenciou os objetivos de passear e de viver em um lugar. Também falou sobre a qualidade de vida em cidades grandes e menores, avaliando custo de vida, segurança, serviços, saúde, mobilidade, clima e bem-estar. “A longevidade é o momento de se viver a vida com propósito”, afirma Moura.
Uma dessas cidades é Indaiatuba (SP). Para falar sobre o tema “Ressignificando vidas pela promoção e prevenção em saúde”, o evento recebeu o enfermeiro Alexandro Marcos Menegócio, que apresentou o programa Retratos do Envelhecer, criado pelo município que tem cerca de 240 mil habitantes, dos quais 16% são idosos. A iniciativa, da Secretaria da Saúde, tem como objetivos a promoção da saúde, a prevenção de agravos e a valorização de pessoas. É composta por oficinas temáticas, práticas e integrativas, e ações educativas — ou seja, é um programa de intervenção.
Hoje, o resultado é uma integração social e intergeracional na cidade, garantindo incremento na qualidade de vida do longevo da região. Isso porque o programa faz parte da Rede Intersetorial de Indaiatuba, que abrange serviços integrados para a pessoa idosa, com apoio das Secretarias da Saúde, do Esporte e da Assistência Social.
Gustavo Reis, ex-prefeito de Jaguariúna (SP) por três mandatos — cidade também colocada entre as 10 melhores do estado para o idoso viver e detentora do selo Cidade Amiga do Idoso (OMS), uma das apenas cinco no Brasil e 520 em todo o mundo —, participou dos debates falando sobre a importância do compromisso com a vida em todas as suas etapas.
Jaguariúna tem políticas públicas voltadas para a vida e a longevidade. São cinco eixos na cidade: Esporte para o Idoso, visando saúde e interação; Cultura e Artes (42 cursos públicos); Saúde Pública Integrada; Assistência Social para o Idoso, com trabalho dinâmico de atendimento e socialização; e Mobilidade e Tecnologia (como aplicativos de transporte, de consultas e medicamentos). “A escolha de governantes que contemplem a longevidade é importante para assegurar a qualidade de vida do cidadão”, completou.
Arte e cultura como forma de integrar gerações
Encerrando o evento, o Sesc trouxe a abordagem da arte na longevidade como dimensão da criatividade, ressaltando sua potência na manutenção da memória e na transmissão intergeracional de cultura e saberes. Para tanto, o evento recebeu Clemente Tadeu, vocalista das bandas Inocentes e Plebe Rude, que falou sobre a música como instrumento de resistência e colaboração entre gerações; Nelson Triunfo, dançarino e coreógrafo, que trouxe a experiência da cultura de rua como elemento de valorização tanto da juventude quanto do envelhecimento ativo; e MC Rose, pioneira do rap nacional, que destacou a presença feminina no cenário cultural e o papel da arte na construção de legado e pertencimento coletivo.
Conclusão unânime do grupo: o respeito à idade dentro da arte vem do legado e da história que cada artista tem para contar.
O Fórum São Paulo da Longevidade encerra sua sétima edição atingindo uma nova dimensão internacional com a Conferência Internacional Cidades Amigas do Idoso, incorporada ao evento com o apoio da Prefeitura de São Paulo.
Para a fundadora e co-patrocinadora do Fórum, Waleska Santos, o evento tem a função de abrir caminhos, inspirar políticas públicas e dar voz aos longevos brasileiros. Já para o também fundador e co-patrocinador, Francisco Santos, dezenas de encontros sobre envelhecimento e economia prateada acontecem em todo o país, “mas o Fórum foi um dos catalisadores desse movimento. São Paulo, com seus 4,2 milhões de habitantes acima dos 50 anos, é o palco ideal para esse diálogo essencial sobre o presente e o futuro de um Brasil que envelhece com propósito e dignidade. Longevidade é sobre viver mais, mas viver melhor”, disse.
O Fórum São Paulo da Longevidade reuniu, no São Paulo Expo, mais de 250 especialistas e lideranças nacionais e internacionais para debater os desafios e as oportunidades de uma sociedade que envelhece com propósito, saúde e cidadania.

