Os longevos ganharam destaque na semana passada com a realização do Maturi Fest, um intenso festival que reuniu acadêmicos, especialistas e personalidades de diferentes segmentos da sociedade para discutir a realidade dos 50+ no mercado de trabalho e no empreendedorismo. A Maturi é parceira de conteúdo da Longevidade Expo+Fórum, com participação ativa na curadoria de algumas das temáticas que compõem o Fórum.
O CEO da Maturi, Mórris Litvak, festejou a audiência digital e presencial, esta que lotou o auditório da FECAP – Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado, em São Paulo. Um dos pontos altos do evento foi a apresentação do Estudo Desafios do Etarismo: a expectativa dos 50+ e a realidade do mercado de trabalho, desenvolvido pela Maturi e pela consultoria Ernest & Young.
“No ano passado, a Maturi desenvolveu uma pesquisa, com 191 empresas, para entender as dificuldades da contratação de profissionais 50+ em um país que envelhece. Este ano, entrevistamos quase 5 mil pessoas estudadas, e neste grupo 93% estavam em busca de recolocação”, comentou a head de Novos Negócios da Maturi, que atua diretamente com o tema Diversidade, Equidade e Inclusão, com ênfase em Diversidade Etária e Longevidade, Andrea Tenuta.
A gerente de Projetos, RH e Especialista em Diversidade, Equidade e Inclusão Etária na Maturi, que atua em projetos de alto impacto voltados à transformação da vida das pessoas, Raquel Thomazi, disse que foi identificado que 93% dos entrevistados continuam em busca de emprego, sendo que quase metade está desempregada, e que 73% não está feliz com sua própria ocupação.
“São pessoas longevas que possuem um alto nível educacional e têm buscado atualização: 89% fizeram algum tipo de curso nos últimos anos, o que contradiz o principal estereótipo com relação ao profissional longevo, de que, com o envelhecimento, a pessoa para de aprender, de se desenvolver. Descobrimos que 76% possuem formação superior, 80% dos respondentes se sentem preparados e informados para retornar ao mercado de trabalho”, detalhou Raquel Thomazi.
Já a gerente de projetos, People Transformation Projects and Employee Experience na Ernst & Young), Fabi Granzotti, comentou que mais da metade dos entrevistados em busca de emprego é de aposentados, seja por complementação de renda ou por tempo de contribuição. “Um fator alarmante é que 17% das empresas ainda possuem aposentadoria compulsória. Precisamos ressignificar a aposentadoria. Um estudo feito na Austrália indicou que se 5% das pessoas com mais de 55 anos fossem contratadas haveria um impacto de 48 bilhões de dólares australianos para a economia local, mais de 3% do produto nacional bruto”, comentou.
Andrea Tenuta acrescentou que o estudo indicou uma lacuna entre o que os longevos buscam e o que as empresas oferecem: 77% dos profissionais 50+ buscam uma ocupação integral, CLT, especialmente nos setores financeiros, varejo e serviços, mas 33% das empresas do setor de serviços possuem apenas 5% do seu quadro profissionais com 50+.
“Entre as conclusões às quais chegamos, constatamos que há uma lacuna crescente entre a necessidade de recolocação e o apetite das organizações em recolocar os 50+. Outra constatação é que a maioria das pessoas longevas busca recolocação, incluindo aposentados e, também, aqueles que estão felizes com a atual ocupação. As pessoas 50+ estão preparadas para reingressar no mercado formal de trabalho e a postergação da aposentadoria é inevitável. Infelizmente, depois de um ano de feita a primeira versão deste estudo, fica evidente que as empresas não evoluíram com o tema da diversidade etária. Nada avançou de forma efetiva no mundo corporativo”, concluiu Andrea Tenuta.
Longevidade Expo+Fórum, Silver Week e Maturi Fest
O presidente da Longevidade Expo+Fórum e da Silver Week, Walter Feldman, também esteve no Maturi Fest, participando do painel sobre a Revolução da Longevidade e o mercado 50+ e fez questão de celebrar a iniciativa do parceiro da Longevidade Expo+Fórum. “Iniciativas com a Maturi Fest celebram o potencial do longevo e chamam a atenção das empresas e do poder público para a necessidade de concentrarmos esforços para fortalecermos a participação dos longevos na dinâmica social. Parabéns à Maturi!”, avaliou.
O encontro reuniu Feldman, a especialista em diversidade e etarismo e autora do livro “Etarismo, um novo nome para um velho preconceito”, Fran Winandy, e a head de estratégia da AlmapBBDO, Rita Almeida, que esteve à frente do estudo “A revolução da longevidade” realizado pela agência que é uma das maiores de publicidade do país.
Como mediadora, Fran Winandy lançou a provocação: “Definitivamente, não nos sentimos representados no universo da publicidade”. A colocação ganhou eco dos dois participantes do painel.
“A propaganda tem um olhar muito enviesado da longevidade”, analisou Rita. “O brasileiro é alucinado pela juventude e a propaganda trabalhou nesse sentido por muitas décadas. Acontece que hoje a propaganda é muito menos projeção e muito mais representação. Na pesquisa que fizemos, fomos impactados por uma população que tem desejos, que faz planos, que quer viver da melhor maneira, enquanto a sociedade em geral está ainda com uma visão estereotipada do longevo, associado apenas à finitude. O estudo nos trouxe essa energia vital dos longevos. Um erro da propaganda hoje é ver os mais velhos como seres necessitantes e não como seres desejantes”.
Feldman concordou com a panelista. “O cidadão longevo se sente invisível na publicidade feita hoje no país. Ele não é incluído. Há algumas iniciativas de incluir este longevo desejante, desejoso. E isto é muito importante, porque hoje compreende-se o longevo apenas na perspectiva do necessitado, da área social, previdenciária, da área do atendimento da saúde, mas isto mudou completamente”, afirma o presidente da Longevidade Expo+Fórum.
Segundo Feldman, o longevo é hoje um agente econômico fundamental na cadeia produtiva e na cadeia de consumo. “Faço uma comparação com as mudanças climáticas que estão afetando o nosso dia a dia. As mudanças na longevidade também já estão acontecendo na nossa sociedade. Entretanto, os setores produtivos não entenderam essa mudança na estrutura social, econômica, piramidal e se esquecem que 37% das famílias brasileiras precisam da contribuição de renda do longevo, ou seja, quem ajuda as famílias a consumir é o longevo”.
Feldman aproveitou o Maturi Fest para revelar em primeira mão alguns detalhes da Silver Week, a semana de atrações, promoções e descontos para a geração prateada, que conta com a parceria da ALSHOP (Associação Brasileiras de Lojistas de Shoppings) e da ABRASCE (Associação Brasileiras de Shopping Centers). “A segunda edição da Silver Week acontece de 22 de setembro a 1° de outubro, dia internacional da pessoa idosa, coincidindo com a Longevidade Expo+Fórum. Estão todos convidados! Participem e façam, o quanto antes, a inscrição na Longevidade Expo para garantir a presença de cada um de vocês. Até lá!”