Atualmente, já são mais de 55 milhões de pessoas com mais de 50+ anos no Brasil, o que representa 26% da população brasileira. Porém, dentro das empresas, os números se desencontram. Para se ter uma ideia, nas organizações, esses profissionais representam de 3 a 5% do quadro de colaboradores, em média.
“A gente vem tentando mudar essa cultura. Se não fizermos nada, todos vamos sofrer. A população 50+ vai mais do que dobrar até 2050. No Brasil, quase que irá triplicar. Estamos falando de representatividade, questão social e estratégia. Se a empresa não olhar para todos nós, porque nós vamos chegar lá, elas não estarão preparadas para isso”, afirmou Mórris Litvak, CEO e Founder da Maturi, durante um meetup promovido pela empresa na última quinta-feira (23/3).
Segundo Litvak, nos últimos anos, já é possível encontrar organizações mais evoluídas sobre o assunto, e o objetivo da Maturi foi justamente tentar entender como mostrá-las como cases e exemplos para outras empresas e, inclusive, conseguir influenciar o poder público.
Em 2022, a Maturi, então, fez uma parceria com o Age Friendly Institute. O selo de Empresa Age Friendly, programa do instituto que recentemente chegou ao País, foi originalmente criado há 17 anos, nos Estados Unidos.
O Age Friendly Institute desenvolveu o Programa Certified Age Friendly Employer (CAFE) com o objetivo de reconhecer empresas com boas práticas para profissionais maduros. Agora no Brasil, o programa já conta com a participação de centenas de empresas.
Boas práticas 50+
O objetivo do meetup foi justamente reconhecer a primeira empresa brasileira a receber o selo: a farmacêutica Sanofi. Lembra do número citado no início deste texto, de que, nas empresas, há uma média de 3 a 5% de profissionais 50+? Na Sanofi, eles representam 16%.
“A Sanofi já trabalha com equidade há anos, mas, há dois anos, lançamos o pilar gerações. Começamos tentando entender onde estamos e quais os nossos números. Na época, eram 14% [profissionais 50+] em 3 mil funcionários no Brasil. O tempo de casa dessas pessoas era, em média, 20 anos, pessoal que vem envelhecendo na companhia. E o nosso objetivo era reter e atrair talentos. Estamos contratando? Em 2021, 4% das nossas contratações foram 50+. Em 2022, passamos para 5%. Hoje somos, ao todo, 16%. A meta é chegar em 2025 com 25%”, contou Elcio Monteiro, Líder ERG Generations+ e Digital Director for Manufacturing & Supply – International Region da SANOFI.
De acordo com Andrea Tenuta, Head de Novos Negócios Maturi, a cada 21 segundos “nasce” uma pessoa 50+ no Brasil. “Estamos aqui justamente para mudar o ponteiro. A certificação é para isso. E a Sanofi é um case a ser mostrado. Quando decidimos trazer a certificação para o Brasil, ficaram assustados com a média brasileira de 3 a 5% de profissionais 50+ nas empresas. Tivemos também que calibrar a realidade brasileira na certificação”, explicou.
A certificação engloba a análise de um conjunto de ações, conforme explicaram os presentes. São, ao todo, 12 tópicos. É necessário ter um mínimo de ações que a empresa já faça ou esteja olhando com atenção sobre o tema. A certificação vale por dois anos.
Referências
Participou também do meetup, Tim Driver, presidente da Age-Friendly Institute, que explicou um pouco do início e criação do programa. “Quando criamos a certificação, a ideia inicial era ter pessoas mais velhas buscando emprego, com empresas que os dariam boas-vindas. E, infelizmente, a discriminação de idade existe. Nosso papel é ajudá-los a encontrar emprego mais rápido. Também ajudamos as empresas a serem mais bem educadas sobre essas pessoas e, além disso, os criadores de políticas públicas. Antes, o RH tinha dificuldade de mostrar valor dos profissionais maduros para os CEOs e, com a certificação, foi possível valorizar mais e abraçar a causa”.
Driver citou, ao longo do evento, três exemplos de empresas que encontraram na certificação a solução para suas respectivas prioridades. Para a Starbucks, a certificação contribuiu para a retenção de talentos. De acordo com o presidente da entidade, o problema da empresa não era encontrar pessoas e, sim, retê-las. A consequência, que agiu no turnover, gerou uma economia de milhões de dólares.
Para uma das maiores empresas de homecare dos Estados Unidos, eles perceberam na contratação de pessoas mais maduras uma estratégia eficiente para o negócio. “Contratar pessoas com idade similar das que estão sendo cuidadas gerou mais engajamento. Os clientes, filhos das pessoas cuidadas, também preferiam”.
Outro exemplo foi um banco de varejo que, apesar do aumento dos bancos online, percebeu que as pessoas mais velhas ainda vão em agências e os profissionais prestando esse atendimento a elas têm sido um fator de lucratividade, porque aumenta a taxa de satisfação.
Ainda sobre a certificação, Monteiro, da Sanofi, destacou o envolvimento da alta gerência no tema. “Na Sanofi, temos cada um dos membros do comitê Brasil apoiando cada um de nossos pilares. Os diretores foram treinados, recebem letramento para tratar vieses. Temos quatro gerações juntas na empresa, e essa troca é riquíssima, e tem benefícios concretos”.
Veja a matéria completa escrita por Gabriela Ferigato, no site RH pra Você. Clique aqui.