9 de Maio de 2019 às 12:16
Dois anos atrás, o australiano Chris Herrmann colocou todos seus pertences em um depósito, comprou uma passagem de volta ao mundo e partiu com uma mochila nas costas por 12 meses. Ele passou três deles aproveitando o ritmo festeiro da cidade espanhola de Valência, depois viajou pela América Central e do Sul e completou seu ano sabático no Sudeste Asiático. Sua mulher, com quem viveu por quatro décadas, havia morrido no ano anterior e tirar esse tempo para viajar parecia a escolha certa.
Em Valência, na Espanha, Herrmann, agora com 64 anos, alugou um apartamento e fez novos amigos em atividades por meio de grupos de encontros on-line. Quando se lançou nesse mochilão de um ano, se hospedou em albergues, geralmente com um público muito mais jovem. O ex-empresário diz ter se inspirado pela nova geração, principalmente, por sua confiança em desbravar o mundo e sua curiosidade cultural.
A indústria da melhor idade
À medida em que os baby boomers, a geração nascida após a Segunda Guerra Mundial, começaram a ressignificar o sentido de aposentadoria, surgiu a ideia de um ano sabático voltado para a chamada melhor idade.
Sites de aposentadoria, prestadores de serviços financeiros, de viagens e de seguros estão cheios de conselhos para quem tem mais de 60, seja oferecendo ajuda para gerenciar gastos ou para identificar as melhores opções de destinos.
O grupo de pesquisa Mintel estimou o tamanho da indústria mundial desses sabáticos em 5 bilhões de libras (equivalente a US$ 6,6 bilhões ou R$ 24,3 bilhões, em valores atuais) em 2005 e previu que atingiria 11 bilhões de libras em 2010.
Desde então, os números não passaram por uma atualização e isso acontece em parte, diz Will Jones, editor-chefe da filial britânica do site Gapyear.com, por causa das amplas interpretações do conceito de fazer uma “pausa”.
Dados recentes, no entanto, continuam a mostrar um claro apetite dos mais velhos por viagens mais longas. Pesquisadores do Charter Savings Bank identificaram que 40% dos trabalhadores entrevistados no Reino Unido no levantamento da companhia queriam tirar um ano sabático ou fazer uma viagem mais longa após a aposentadoria.
Em 2016, pesquisadores australianos descobriram que 77% dos longevos buscavam diferentes tipos de férias. Na lista, apareciam em primeiro aqueles com perfis “mais ativos”, “mais distantes”, “mais sociáveis” e “mais aventureiros” (quase metade desses entrevistados era ou de aposentados ou em transição para a aposentadoria).
Embalar as aspirações de viagem desses sessentões como um ano sabático explora uma “idealização da juventude” que pode ser atraente, diz Paul Higgs, professor de sociologia do envelhecimento da UCL (University College London).
Folga mais curta
Tirar sabáticos mais curtos pode ser melhor para alguns. Holly Bull, do Centro para Programas Provisórios, uma consultoria de ano sabático, oferece esse tipo de serviço a pessoas mais velhas.
Ela prefere usar a frase “intervalo”, em vez de sabático, porque descreve com mais precisão o que seus clientes de faixa etária mais avançada estão fazendo. Essas pausas têm maior apelo para a sua clientela entre 50 e 60 anos, diz.
Isso porque alguns podem ter um companheiro ou companheira que não se aposentou ou talvez não possa pagar para ficar fora um grande período de tempo. Alguns tiram um ano todo e outros fazem pequenos intervalos.
Uma vantagem, afirma Bull, é que as pausas menores permitem que as pessoas experimentem diferentes atividades para ver se é isso mesmo o que vão querer na aposentadoria.
Fonte: Época Negócios. A matéria na íntegra pode ser lida aqui.