30 de Setembro de 2019 às 19:20
A longevidade afeta o cenário econômico de uma maneira muito marcante. A partir desse ponto, o economista Eduardo Giannetti da Fonseca; Carlos Kawall, do Banco Safra; Ricardo Amorim, economista, apresentador, empresário e digital influencer; Yasushi Noguchi, o Cônsul Geral do Japão em São Paulo; e Waldemar De Carli, prefeito de Veranópolis (RS), eleita Cidade Amiga do Idoso pela Organização Mundial da Saúde, falaram sobre as mudanças e os impactos da longevidade na economia e no consumo brasileiro.
Eduardo Giannetti agradeceu o convite para participar do Fórum, considerando o tema relevante e permanente, que nos acompanhará por muito tempo. “Estou aqui para contextualizar a longevidade, o que significa entender a transição demográfica pela qual nós estamos passando no mundo e especialmente no Brasil. Demografia é um tema que não figura nas manchetes dos jornais e é pouco discutido socialmente, mas é extremamente impactante na vida humana. Para mim, o acontecimento mais importante da nossa geração de brasileiros é essa transição, que resulta de três vetores poderosos de mudança: explosão populacional, queda da taxa de fecundidade e aumento da expectativa de vida. A longevidade, portanto, é uma conquista humana de viver mais e almejar viver melhor”.
“A longevidade afeta o cenário econômico de uma maneira muito marcante. Na medida em que encaramos uma expectativa de vida maior, entendemos que isso traz consigo um aspecto dramático: o fato de que precisaremos poupar mais para termos a condição de nos sustentar no futuro. Mas, o lado curioso dessa questão é que a própria longevidade e a transição demográfica estão fazendo com que a taxa de juros da economia mundial seja muito mais baixa. Portanto, o primeiro desafio é poupar mais porque viveremos mais, e o segundo é encontrar o melhor caminho para fazer isso, uma vez que a forma que conhecemos, por excelência, de poupança é a busca de ativos de renda fixa, mas ela cada vez remunerará menos”, discursou Carlos Kawall.
Ricardo Amorim falou que a Longevidade Expo + Fórum cobre um gap importantíssimo ao qual nós não damos a devida importância. “O mundo está passando por transformações gigantescas e, na minha opinião, duas são muitíssimo importantes: a tecnológica, que recebe bastante atenção, e o processo do aumento da expectativa de vida. A Reforma da Previdência trata de mudanças na aposentadoria, mas este é um dos aspectos. O mercado de trabalho, por exemplo, precisa mudar completamente. Os termos também”.
Na opinião de Amorim, resolvemos, há 60 anos, que idoso é quem tem 60 anos ou mais. “Naquela época, isso fazia sentido, hoje não faz mais. E é preciso mudar como chama para mudar como vê e como a gente vê é o que determina o que a gente faz. Está na hora de mudar aposentadoria, participação na sociedade, mercado de trabalho e o mercado consumidor também, que é gigante, cresce mais do que os outros e é formado por pessoas que têm o poder aquisitivo maior do que em qualquer outra faixa etária”.
O Cônsul Geral do Japão, Yasushi Noguchi, agradeceu à organização da Longevidade Expo + Fórum pela oportunidade de compartilhar com todos a experiência japonesa de como enfrentar e superar os desafios de uma sociedade mais velha e da diminuição da população. “No Japão, 27% da população têm mais de 65 anos e esta realidade ainda é nova em três aspectos: uma população mais velha, pouca taxa de natalidade e falta mão de obra, por isso, vou falar também sobre os aspectos sociais deste panorama japonês, que pode trazer aprendizados e conhecimentos importantes para a população brasileira, que tem características semelhantes”.
Já Waldemar de Carli representou a cidade de Veranópolis, no Rio Grande do Sul, que é considerada a mais longeva do País. “Desde 1994 trabalhamos com longevos. Iniciamos basicamente com pesquisas em saúde, mas nos últimos cinco anos nos voltamos mais para a parte da economia dos 60+. Achamos esta feira extraordinária e estamos surpreendidos, pois nunca vimos nada parecido em nenhum lugar do mundo. Cada vez temos um público sênior maior e ele é exigente e tem boas condições financeiras, o que vai trazer avanços enormes para a economia, turismo, nas áreas social, biológica, cultural e muitas outras. Isso é a revolução prateada, precisamos olhar para este mercado para poder atendê-lo com eficiência”, finalizou.