Somos longevos. Somos ricos em diversidade e em complexidade. Somos únicos, indivíduos e coletivos, colaboradores e cooperativos. Somos longevos, temos um passado e insistimos em termos, também, um futuro.
Reunidos, aqui na V Longevidade Expo+Fórum, fica evidente que encontramos ressonância na esfera pública e na iniciativa privada. O caminho para a visibilidade dos longevos é cada vez mais sólido. Igualmente são os desafios.
Entre estes, dois se destacam: o envelhecimento em um país tão desigual. E o idadismo, o grande último tabu, um preconceito tão pernicioso como universal e estruturante.
Foram três dias de muito debate, de muita aproximação e esclarecimento, mas fundamentalmente de usufruir da oportunidade ímpar que a Longevidade Expo+Fórum oferece, que é a do diálogo, da interação, da criação de lugares de fala, de escuta e de ação. Sempre com um compromisso norteador: o de estimular a harmonia entre as gerações.
Nós, longevos, fazemos parte das urgências que o contexto mundial nos impõe: as crises climáticas, sociais, políticas e econômicas mundo afora evidenciam que nós, como sociedade, precisamos nos responsabilizar, precisamos romper com um modus operandi que evidentemente é perverso e improdutivo.
Trata-se de uma mudança crucial para o nosso bem-viver. E depende de uma conscientização individual e coletiva da nossa prática como cidadãos, associada a ações de governantes do nosso país e do planeta.
Ao longo destes três dias ouvimos repetidamente que, para chegar bem aos 100, é preciso se preparar. Quanto mais cedo, melhor: nunca é tarde demais. Mas não basta apenas o esforço individual; ele deve estar amparado em políticas públicas e, também, do setor privado.
E o que isso tem a ver com a Longevidade Expo+Fórum? Absolutamente, tudo. A longevidade e a sustentabilidade se entrelaçam. Sem amanhã não há propósito e sem propósito não há presente.
Vamos saudar esta iniciativa de reunir e aproximar o poder público e a iniciativa privada da comunidade longeva. É através da interação e da integração que a Longevidade Expo+Expo nos viabiliza, que conseguiremos colaborar com as novas demandas desta sociedade, que se vê frente ao desafio e oportunidade de se reinventar mais plural, tolerante e inclusiva. E o tempero vem das organizações da sociedade civil que, sem amarras, podem representar as vozes, muitas vezes caladas, daqueles que são mais vulneráveis e invisíveis.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, o envelhecimento ativo e saudável representa a maior conquista social dos últimos 100 anos. Por outro lado, é também um imenso desafio para os próximos cem. Temos que reconhecer esse fato de primordial importância. Temos hoje representatividade no Congresso Nacional e temos que comemorar esse ganho, porque a questão da longevidade, que é transversal e suprapartidária, passará a ser pautada na dinâmica legislativa e executiva do país.
Estamos envelhecendo juntos, a cada minuto, e esta é a oportunidade de construção do exercício pleno da nossa cidadania, para juntos ressignificarmos questões que viabilizarão uma vida mais plena e, certamente, digna e feliz. A vida já se tornou mais longa; é preciso também torná-la mais ampla.
Nosso eminente Ariano Suassuna já nos disse (ele, um longevo eterno): A tarefa de viver é dura, mas fascinante. Sejamos fascinantes!
Carta manifesto lida por Walter Feldman – presidente da Longevidade Expo+Fórum que encerrou a V Longevidade Expo+Fórum