A Longevidade Expo+Fórum promoveu um diálogo sobre o preconceito racial e a luta pela reconstrução de um país de iguais. O reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, José Vicente, falou que a questão da discriminação racial é uma luta de todos os brasileiros e não deve ser reserva apenas para os homens e mulheres negras.
“Um dos problemas mais cruciais da nossa trajetória histórica é justamente o preconceito racial e de como essa questão amarga e impede de alcançar nossos propósitos de construir uma pátria de iguais. Essa luta na gênese é de todos os brasileiros que são amantes do respeito e da igualdade. Todos precisam estar juntos nessa trincheira para constituir um país de livres e iguais”, afirmou Vicente.
Ele explicou como a estratégia escravagista continua sendo repetida em uma visão dicotômica da existência de pessoas superiores e inferiores, iguais e desiguais. O reitor da Universidade Zumbi dos Palmares destacou a falta de representação de pessoas negras em diferentes esferas, como empresas e instituições públicas e privadas. “Somos 56% dos brasileiros, então como podemos explicar que os negros eram apenas 2% dos alunos nas universidade públicas e 3% nas privadas? E isso se repete na política, somos 40% dos 12 milhões de paulistanos, mas não temos representantes no 1º, 2º ou 3º escalão no Estado. Estamos em uma democracia que promove o apartamento informal.”, disse.
Vicente também falou que vê alguns sinais de avanço na luta contra a discriminação racial com a revisitação da história do Brasil. Ele usou dois exemplos para ilustrar esse movimento.
O primeiro é a reversão da narrativa sobre Zumbi dos Palmares que era retratado nos livros como um pária e líder de um grupo violento. A Lei Federal n° 9.315 de 20.11.1996 oficializou Zumbi dos Palmares como maior líder por liberdade do Brasil e das Américas e como herói nacional. “O marginal de ontem é o herói nacional de hoje”, comentou o reitor. Outro exemplo é o inquérito instaurado pelo Ministério Público Federal para apurar as responsabilidades do Banco do Brasil no financiamento do tráfico de pessoas negras no século 19.
O presidente da Longevidade Expo+Fórum, Walter Feldman, aproveitou para recomendar a leitura das três edições do livro ‘Escravidão’, do autor Laurentino Gomes. “Seguramente o Brasil foi o pior país escravizador do mundo em termos de quantidade. Mais de 40% dos negros escravizados da África veio para o Brasil”, disse.
Feldman destacou ainda que temos uma dívida como país a ser paga. Ele defendeu que um dos meios para avançar neste reconhecimento para que a história não seja esquecida pelas futuras gerações é a criação do Museu da Escravidão.
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