Debate em torno do papel da dança e das artes para o reconhecimento do longevo como personagem atuante na sociedade encerra o primeiro dia da Maratona Digital da Longevidade Expo+Fórum 2021
Para fechar o primeiro dia da Maratona Digital da Longevidade Expo+Fórum, realizado em 1º de outubro, o painel ‘Mostra Sentidos: a longevidade na arte’ trouxe uma conversa sobre o corpo idoso na dança, na cena e os desafios históricos, artísticos e sociais que este contexto representa na atualidade e na arte.
O painel teve a curadoria do Serviço Social do Comércio de São Paulo (SESC-SP), entidade vinculada ao Sistema S, com o objetivo de promover o bem-estar social, e contou com a mediação da assistente técnica da GEPROS (Gerência de Estudos e Programas Sociais, do Sesc São Paulo), Juliana Viana Barbosa.
Participaram da conversa a profª. dra. do Curso de Comunicação das Artes do Corpo da PUC-SP, Ana Cristina Echevenguá Teixeira, e a atriz de cinema e teatro, Marcélia Cartaxo, que interpretou a personagem Pacarrete em filme homônimo escrito e dirigido por Allan Deberton, em 2020.
Juliana abriu a mesa com uma explicação sobre a Mostra Sentidos realizada pelo Sesc São Paulo. “A data de 1º de outubro incentiva as pessoas a pensarem sobre o processo de envelhecimento e a analisarem as políticas públicas voltadas para a longevidade. A Mostra Sentidos é uma ação do Sesc que contribui para a longevidade por meio dos processos artísticos das artes”.
Em seguida, Juliana instigou as participantes a refletirem sobre a importância do corpo idoso na arte, o impacto para a sociedade e a sensibilização sobre o envelhecimento.
A primeira a responder foi Ana Cristina. “Quando pensamos a cena atual é possível perceber que é definida pela juventude. Há um entendimento de que somos uma sociedade jovem. Temos muitos artistas maduros, mas o mercado continua a divulgar que a cena é jovem. É uma perversidade que, além de cultural, é histórica, econômica e política”, esboçou a profª. dra. do Curso de Comunicação das Artes do Corpo.
Ana Cristina complementou: “Quando há um artista maduro na cena, percebemos não a busca pelo desempenho, mas pela compreensão de si e do gesto, o que permite comunicar que a cena é plural, diversa”.
A atriz Marcélia Cartaxo contou como foi perceber o processo de envelhecimento do corpo no processo da dança. “Fazer a personagem de Pacarrete, que tinha 70 anos, me permitiu entender como funciona, fisicamente e psicologicamente, o corpo mais velho. Foi maravilhoso perceber que todos, jovens e velhos, se entendiam muito bem na dança e pude levar adiante essa experiência das dançarinas mais velhas, que não tinham mais a precisão, mas tinham a vida musical ainda pulsante”, disse.
“A nossa busca é ser feliz no momento e no corpo que temos, sem termos que nos violentar na busca pela jovialidade. Quero que as rugas fiquem e reflitam o que aprendi durante tantos anos”, contou.
Ganhadora do Urso de Prata de Melhor Atriz no Festival de Cinema de Berlim de 1986 pela atuação como Macabéa em ‘A Hora da Estrela’, Marcélia apontou a potência da arte como força de transformação da pessoa e de toda a comunidade. “Uma coisa extremamente importante é a gente viver e se aceitar, se libertar das coisas que disseram para a gente. Principalmente a mulher, que sempre escutou que tem que crescer dentro de casa, que fora não há espaço para ela. Vejo-me como Pacarrete: quero ir para a rua, ver e sentir o colorido da vida”, afirmou a atriz.
Para encerrar o painel, Juliana fez um breve resumo da intersecção entre as falas das participantes, “A arte pode colaborar para a criação de um novo imaginário de sociedade, incorporando a velhice como potência”.
A íntegra do painel está disponível no canal da Longevidade Expo+Fórum no Youtube. Clique aqui.