Redação e edição
Analu Oliveira – 79+
Lia de Itamaracá, rainha da ciranda, patrimônio imaterial do Brasil
“Cirandar” é entrar na roda, cantar e dançar com as cantigas deliciosas e divertidas. E é essa a missão da pernambucana Lia de Itamaracá, patrimônio vivo de Pernambuco e do Brasil, que aos 78 anos está em São Paulo retratada com a exposição “Ocupação Lia de Itamaracá”, no Itaú Cultural que segue até 11 de julho.
A Mostra está num espaço de 100 metros em uma estrutura circular que remete à ciranda, manifestação cultural da qual Lia é a maior representante.
Cantora, compositora e dançarina, Lia é retratada em sua trajetória desde a garotinha apaixonada pela ciranda até transformar-se num ícone da cultura popular brasileira.
São três eixos na exposição: o sal, o som e o sol. O sal é o chão, a morada de Lia; o som é a ciranda e o sol, a própria Lia. A ideia é mostrar toda a evolução dessa carreira brilhante. São fotos de sua infância, matérias de jornal desde as primeiras aparições em público nos anos 70, vídeos de entrevistas, cenas de cirandas e imagens de sua cidade natal, uma ilha na região metropolitana de Recife, com 27 mil habitantes.
Vários figurinos incríveis usados em shows, estão na ala da moda e a referência ao mar, sua paixão, já inspirou roupas em homenagem a Iemanjá.
Figurinos usados em shows fazem parte da exposição no Itaú Cultural
Lia de Itamaracá também tem feito apresentações que envolvem o público e fazem todos entrarem na roda da ciranda. No dia 29 de abril, sexta-feira, haverá transmissão das apresentações pelo canal do YouTube do Itaú Cultural.
É ela quem afirma não ter problema em falar de seus 78 anos: “ Estou muito feliz com as homenagens à minha carreira. Se quiserem fazer algo, façam por mim, viva, para eu poder ver, aproveitar e aprovar”.
“Homenagens em vida, por favor”, diz Lia
Já Andreia Schinasi, coordenadora do Núcleo de Música do Itaú Cultural, que integra a curadoria da mostra, garante: “Lia de Itamaracá é uma potência, uma artista imensa, uma tradição viva. Queremos que o público celebre e mergulhe na trajetória e na obra dessa fundamental e importante artista para a música brasileira”
Serviço
Ocupação Lia de Itamaracá
Itaú Cultural. Av. Paulista, 149, piso térreo, tel. (11) 2168-1777.
3ª a sáb., 11h/20h; dom. e fer., 11h/ 19h.
Gratuito (necessário comprovante de vacinação).
Até 11/7
Sobre Lia de Itamaracá
Maria Madalena Correia do Nascimento, conhecida como Lia de Itamaracá nasceu dia 12 de janeiro de 1944 na ilha de Itamaracá, Pernambuco, e é considerada a mais célebre cirandeira do Brasil.
Ainda criança começou a participar de rodas de ciranda e trabalhou como merendeira em uma escola pública da ilha. Ficou conhecida por Lia nos anos 1960, depois que a cantora Teca Calazans incorporou versos cantados pela cirandeira e acrescentou:“Esta ciranda quem me deu foi Lia, que mora na Ilha de Itamaracá”.
Lia gravou seu primeiro disco em 1977, A rainha da ciranda e em 1998 participou do Abril pro Rock, que acontece anualmente em Recife (PE), o que a tornou famosa nacionalmente. Depois gravou Eu sou Lia em 2000, que foi distribuído também na França e a levou a Paris para várias apresentações.
Participou do curta-metragem Recife Frio do cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho com quem trabalhou depois em Bacurau. Seu álbum Ciranda Sem Fim foi eleito um dos 25 melhores álbuns brasileiros do segundo semestre de 2019 pela Associação Paulista de Críticos de Arte.
Lia recebeu a Ordem do Mérito Cultural do Ministério da Cultura e em agosto de 2019, foi agraciada com uma das maiores honrarias de toda sua trajetória artística: o título de Doutora Honoris Causa, da Universidade Federal de Pernambuco, pelos serviços prestados à cultura do Estado e do Brasil. Já o jornal americano The New York Times a denominou Diva da música negra.
“Ciranda significa alegria. É uma dança de roda, uma confraternização em que todo mundo dá as mãos”
Fontes:
Wikipedia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lia_de_Itamarac%C3%A1
Estadão
História Oral
Marie Claire
O Globo
(Imagens: divugação)