Daniela Campos Zuccolotto*
A longevidade é um tema extremamente rico e amplo, com diversas facetas que precisam ser discutidas e transformadas e inúmeras ações que devem ser planejadas e implantadas para que o lugar da maturidade, seja no mercado de trabalho ou na sociedade, ganhe o seu espaço de representatividade.
Saúde, bem-estar, moradia, emprego, aprendizagem, políticas públicas, planejamento urbano, economia e previdência, práticas de RH, comunicação, mercado consumidor, geração de renda, diversidade, enfim os temas são muitos e todos eles de enorme relevância. Visões de diferentes especialistas, cada qual no seu escopo, que se somam para alcançar um objetivo comum: contribuir para uma vida mais longa com mais qualidade.
Quando falo com empresas, sobre os desafios e oportunidades da longevidade, eu falo sobre a perspectiva da GESTÃO, porque se a longevidade não estiver ligada à estratégia de negócio e valores da companhia, ela simplesmente não será efetiva. Gerir é administrar negócios, pessoas ou recursos para alcançar resultados.
Então, quando a organização olha a longevidade como inclusão de alguns profissionais, promoção de palestra, projeto ou campanha pontuais delegados a uma área da companhia, as ações não terão continuidade, o discurso não será consistente e os resultados não virão nem em imagem, nem em transformação. Para mim, a longevidade precisa estar na agenda do board, como diretriz estratégica, para então ser liderada e desdobrada em ações por diferentes áreas da empresa. Falemos de três áreas:
Em Recursos Humanos, a gestão da longevidade passa pela revisão de políticas de contratação e retenção, dos programas de formação e desenvolvimento, novos formatos de contrato de trabalho e inovação no desenho de papeis e funções, além da criação de um ambiente em que diferentes gerações possam partilhar e integrar conhecimentos, valores e competências. Essas práticas geram menor turnover, aceleram a curva de aprendizagem, e preservam o conhecimento, tão caro em tempo e dinheiro para se formar.
No Marketing ou nas áreas de desenvolvimento de produto, as ações devem se concentrar em criar um plano para internalizar o conhecimento sobre o público sênior, suas demandas e necessidades em todos os pontos de contato. No produto, no design, no relacionamento, nos canais de venda presenciais ou digitais. Para tanto, é preciso abrir a escuta, por intermédio de estudos e pesquisas, e ter pessoas maduras no time que possam falar em primeira pessoa sobre o que é diferencial para esse segmento. Satisfação gera consumo.
Já as áreas de Comunicação, seja interna ou externa, quando orientadas por essa estratégia, deixam de criar discurso e passam a construir narrativas, assumindo o papel de porta-voz das iniciativas que acontecem nas demais áreas da empresa. Essa consistência nas mensagens, que reflete não o dito, mas o praticado, constrói posicionamento e resulta em reputação corporativa.
Resultado em gestão estratégica de pessoas. Resultado como resposta do mercado de consumo. Resultado em imagem de marca. Produtos do que podemos fazer com uma boa gestão de longevidade corporativa.
Daniela Zuccolotto participará do Longevidade Expo+Fórum, que acontece de 29 de setembro a 01 de outubro, no Expo Center Norte, em São Paulo, comandando os painéis Diversidade geracional como valor e não como conflito; Gestão do conhecimento sênior não é prata, é ouro; e Novos ciclos em tempos de múltiplas carreiras. Acompanhe na programação do evento. Clique aqui.
*Especialista em gestão de comunicação, estratégia de marketing e desenvolvimento, Daniela foi executiva da Rede Globo durante mais de 20 anos e atendeu às 115 afiliadas. Dirigiu o desenvolvimento da Rede e também a Universidade Corporativa da Globo, entre outras iniciativas. Hoje é colunista de Gestão do Conhecimento da Revista Gestão RH. Ela é publicitária pela FAAP, com pós-graduação em Marketing e Pesquisa pela Universidade de Berkeley, em São Francisco. MBA Executivo em Marketing e Gestão de Pessoas pela ESPM e especializações em Coaching Integrado pela ICI e Gestão Executiva pela FGV.
(Imagem: Vanessa Serra)