Como sabemos, a longevidade não é homogênea, ela é diversa e composta por diferentes fases ao longo da vida. Com o intuito de abordar e debater os cuidados com a pessoa longeva, seja por familiares, cuidadores formais ou informais, a Longevidade Expo+Fórum recebeu também a segunda edição do Congresso Nacional de Cuidadores, Cuidados e Longevidade, o CONACARE. O evento, que tem curadoria da MasterCare, já é consolidado como um dos principais encontros de discussão e troca de conhecimento da área no Brasil.
Logo na abertura, o congresso abordou como estão sendo cuidadas as pessoas prateadas no Brasil e quais os desafios das políticas públicas pensadas para esse grupo. A diretora nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, Symone Bonfim, apresentou aos congressistas a palestra: ‘Envelhecer no Brasil: direito ou privilégio?’.
A representante do ministro dos Direitos Humanos e Cidadania reforçou a necessidade de inserção do tema na agenda pública nacional. “Precisamos expandir a temática na agenda pública do Brasil, fato que só é possível a partir de mobilização social e conscientização, que é o que estamos fazendo aqui, dando visibilidade ao assunto”, disse ela.
A especialista lembra que até pouco tempo o cuidado era uma questão de matriz familiar, mas, o envelhecimento da população e o aumento da longevidade trouxe obrigatoriamente uma reorganização social com participação pública, que, segundo a palestrante, deve ser cada vez mais ampliada e refinada. “Talvez um dos grandes desafios do século 21 seja posicionar o cuidado no sistema de seguridade social ou colocá-lo de forma transversal em outros pilares, como educação, saúde, cultura e afins. Temos a possibilidade de decidir qual desses caminhos seguir, mas uma coisa é fato: precisa ser feito”, afirmou.
Symone destacou que embora existam programas eficientes, a demanda por mais serviços não para de crescer. “Esses atendimentos geralmente estão centralizados nas pastas de saúde e assistência social e tendem a estar localizados em centros urbanos maiores. É preciso pensar no cuidado centrado na pessoa e não na rede de serviços, além de respeitar a autonomia e a escolha de cada um”.
A representante do governo federal falou ainda sobre o decreto 11.460/2023, que estabelece uma política nacional de cuidados com foco em minorias e na intersetorialidade. “É preciso definir parâmetros para a provisão de cuidados entre poder público, família e sociedade para garantir o cuidado e assistência aos nossos idosos”, salientou.
A CEO da Mastercare Brasil – empresa responsável pela curadoria do Congresso – Márcia Vieira, reforçou a importância da multisetorialidade para o avanço da pauta. “Sabemos que não existe solução pronta, mas essa palestra nos traz esperança. Seja na iniciativa pública ou privada, vemos que esse assunto aos poucos ganha mais espaço nos debates. Só conseguiremos êxito nessa pauta com alianças setoriais estratégicas”, disse Márcia.
O presidente da Longevidade Expo+Fórum, Walter Feldman, também compôs a mesa de abertura do 2° CONACARE e enalteceu a participação de municípios, estados e governo federal no evento. “É muito bom ver que os governos estão dispostos a dialogar e desenhar projetos que atendam de fato o longevo no Brasil. É preciso criar condições para a inserção da população prateada na sociedade e também de combate ao idadismo, um preconceito que precisa passar a integrar as políticas de diversidade”, comentou Feldman.
Outros temas como o Programa Municipal de Atendimento ao Idoso (PAI), os impactos econômicos e sociais da longevidade, o perfil dos cuidadores no país e uma palestra com informações sobre Alzheimer também compuseram a programação do evento.