São Paulo, 20 de novembro de 2020.
Mercado de trabalho, idadismo e gerontecnologia foram os temas de encerramento do primeiro dia da Maratona Digital da Longevidade Expo + Fórum 2020
- O evento online é direcionado para o público sênior 50+ e ao mercado que atende esse segmento e tem como temática central a maturidade no cenário durante e pós-Covid-19.
- Até domingo (22), 65 palestrantes participarão de painéis, talkshows e trocas de experiências sobre o envelhecer saudável e produtivo.
O encerramento do primeiro dia da Maratona Digital da Longevidade Expo + Fórum 2020 foi marcado por discussões relevantes sobre as oportunidades e as contribuições dos longevos no mercado de trabalho, o chamado “idadismo”, que faz referência aos preconceitos e estereótipos sobre o envelhecer e os avanços da tecnologia em torno da longevidade.
Uma série de painéis, com curadoria da Labora, tratou da temática do trabalho na longevidade. O primeiro deles abordou “As profissões do futuro: seniores digitais”. O co-fundador e head de talentos na Labora e educador no Instituto Reciclar, Ricardo Seara, e a líder de Diversidade e Inclusão para América Latina na Oracle, Daniele Botaro, compartilharam os resultados do programa de preparação de profissionais 50+ para novas carreiras em tecnologia, desenhadas para competências seniores que as entidades desenvolvem conjuntamente.
Ricardo Seara comentou que existe, atualmente, um gap de 20 mil postos de trabalho no mercado de tecnologia e que os seniores têm perfil para agregar valor a essas funções. “Nos dias de hoje, a tecnologia fica obsoleta muito rapidamente e é preciso atualizar-se o tempo todo. Isso o longevo é capaz de fazer. Por outro lado, a vivência garante a ele habilidades extras para prestar atendimento de excelência, diferencial competitivo para as empresas”, afirmou Seara.
Segundo Daniele, a procura por qualificação tecnológica pelos longevos tem sido acima do esperado. “A diferença entre as gerações é clara. O longevo não tem tempo a perder, então procura aplicar o conhecimento adquirido imediatamente”, conta Daniele. E completa: “Estamos longe ainda de termos empresas preparadas para absorver essa mão-de-obra mais velha. A movimentação neste sentido ainda não tem expressividade, mas percebe-se que o tema já começa a ser discutido”.
Na sequência, o debate foi sobre a pesquisa Golden Age 2018, apresentada pelo gerente de Diversidade, Inclusão e Impacto social da Pwc Brasil, Renato Souza, no painel liderado por Sérgio Serapião, co-fundador e CEO da Labora. empreendedor social, fellow Ashoka ( Organização internacional sem fins lucrativos, com foco em empreendedorismo social), e fundador do Movimento Lab60+ e membro do conselho do Sistema B.
A pesquisa, que está em sua segunda edição, detalha o impacto e os desafios do trabalho sênior em 37 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Ela aponta que, hoje, o sênior é olhado como um consumidor, mas não como parte da produção ativa. Mostra que o país que mais se destaca como referência na participação do sênior na economia é a Nova Zelândia (70%), seguida da Suécia. Segundo Renato Souza, países como os Estados Unidos, caso praticassem a inclusão dos longevos no mercado de trabalho, poderiam obter ganhos no PIB de cerca de 3% em produtividade, em economia com saúde e bem estar desses longevos, entre outros fatores. “A inclusão dos seniores não se trata apenas de justiça social, mas também de inteligência econômica de empresas e de países”, afirma.
A pesquisa também mostra a questão da automação, que vem reduzindo, ano a ano, os postos de trabalho. “Nesse ponto, outro recorte é que, em 10 anos, das vagas que serão perdidas para automação, 50% é de cargos administrativos, que geralmente são ocupados por mulheres”, conta Souza. Sergio Serapião comenta que, nesse ponto, também é fundamental avaliar qual a posição dos seniores na evolução digital mundial. “Deixar de perceber os ganhos na inclusão do sênior na economia é uma miopia muito grande por parte dessa cultura jovem-cêntrica, e isso precisa mudar”, comentou Serapião.
Sergio Serapião também comandou o painel sobre diversidade geracional nas empresas, que teve as participações de Lina Nakata, cientista de Dados do Great Place to Work, co-presidente da PWN São Paulo – Professional Women Network e diretora de Marketing da Angrad, e de Maria José Tonelli, psicóloga, com mestrado e doutorado em Psicologia Social, professora titular na Fundação Getúlio Vargas.
Segundo Lina Nakata, as empresas não contam ainda com metas, políticas de contratação ou planejamento em torno dos trabalhadores seniores. “Talvez ainda se vá adquirir isso tudo no processo de envelhecimento dos profissionais que já são parte das empresas”, atenta Lina. Maria José, que em 2013 já conduzia pesquisas nesse sentido, disse que, de lá até aqui, houve mudanças, mas que não se traduzem em ações concretas ainda.
“Acredito que falte empenho das lideranças das empresas – que geralmente são compostas de longevos – para incentivar essas práticas de contratação”, diz Maria José e completa: “com a retomada do crescimento da economia, essa mão de obra mais qualificada dos longevos será extremamente necessária às empresas”.
Sergio Serapião completou as discussões, ressaltando que a questão é de grande seriedade e urgência. “Logo teremos, assim como na camada mais jovem, os Nem-Nem, que nem trabalham e nem estudam, os seniores Nem-Nem, que nem trabalham e nem se aposentam, gerando despesas ao país”, concluiu Serapião.
Em pauta: o idadismo e a gerontecnologia
A Maratona Digital da Longevidade Expo + Fórum 2020 trouxe também a discussão sobre o idadismo: como a comunicação pode reforçar preconceitos ou quebrar paradigmas em uma sociedade regida pela cultura jovem-cêntrica. O evento contou com a mediação da head da Comunidade Labora e co-fundadora da plataforma Women Creating de Diversidade de Gênero, Fernanda Zemel e com as participações da jornalista, pesquisadora da longevidade e fundadora da consultoria Geração Ilimitada, Marcia Monteiro, Mauro Wainstock, que atua com projetos de longevidade, inclusão, diversidade e biografias, organizador do International Space Apps Challenge/NASA, o maior hackathon do mundo e CEO do Hub40+, além de Rennê Nunes, CEO da UP Lab, embaixador do Lab60+, advisor da Rhizom Blockchain e facilitador criativo pelo Art of Hosting.
Marcia Monteiro iniciou os trabalhos ponderando que hoje, com maior expectativa de vida, as gerações convivem juntas por mais tempo e isso pode trazer benefícios a todos, se a comunicação deixar de pautar as pessoas pela idade e sim por seus hábitos de consumo. Mauro Wainstock complementou o raciocínio dizendo que hoje as pessoas vivem mais tempo e, ainda assim, aos 50 anos já são taxadas de velhas, ou seja, é preciso modificar toda uma nomenclatura para contemplar essa realidade atual. Segundo Rennê Nunes, essa pauta precisa ser de todos e não apenas dos longevos. “A indústria da comunicação tem muita responsabilidade na construção dessas nomenclaturas e estereótipos e é por isso que as discussões precisam envolver todos”, afirma.
“A longevidade é transversal a todos – brancos, negros, pardos, gays, homens, mulheres, seja quem for – e é preciso libertar essas pessoas de preconceitos e vícios que taxam quem é velho, quem é novo, quem pode usar um tipo de roupa ou ter um tipo de comportamento”, afirmou Marcia Monteiro. Mauro Wainstock concordou e completou dizendo que a representatividade começa a permear a comunicação e as propagandas, por exemplo, dissolvendo esses estereótipos. Ao que Rennê completou, dizendo que a diversidade tem sido uma pauta fortíssima em 2020 e o longevo faz parte dela, sendo necessário que se discutam os caminhos da comunicação não-preconceituosa para esse público também.
O SESC-SP abrilhantou os debates, trazendo o tema “gerontecnologia e suas contribuições para a longevidade”. Alessandra Nascimento, assistente de Gerência de Estudos e Programas Sociais do SESC-SP, entrevistou a presidente do Conselho Municipal do Idoso de Ribeirão Preto (CMI), Carla da Silva Santana Castro, especialista sobre o tema, que é novo mundialmente.
Segundo Carla, trata-se da tecnologia aplicada ao envelhecimento, como pesquisas, procedimentos, serviços, produtos, atendimentos, entre outros. “Nesta pandemia, foram evidenciadas as necessidades e dificuldades dos longevos no isolamento, do ponto de vista das tecnologias, assim como passamos a usar dessas tecnologias para facilitar o acesso a esses idosos, como a telemedicina, o uso de tablets em UTIs, coisas que não perderemos mais”, comentou.
Ela também alertou que tecnologia precisa ser para todos. Com o mundo passando por uma transformação tecnológica tão severa (bancos, celulares, computadores, entre outros), as pessoas precisam ser incluídas, do ponto de vista da capacitação, para usar a tecnologia e obter acesso. “A transformação digital evidencia as desigualdades. E, se o mundo está abraçando essa transformação, precisa também abraçar a inclusão, do ponto de vista de capacitação e de financiamento desse acesso”, afirma Carla Castro. E completa: “essa falta de acesso à tecnologia representa perda de cidadania. Apoio à capacitação e financiamento à inclusão digital é responsabilidade social de quem atua com a tecnologia”.
Terapia pelo movimento
A Maratona Digital da Longevidade Expo + Fórum 2020 encerrou o primeiro dia com a presença do educador, coreógrafo e terapeuta de movimentos, Ivaldo Bertazzo, convidado do SESC- SP, para uma atividade prática voltada ao despertar do corpo. A Maratona Digital da Longevidade Expo + Fórum 2020 seguirá até domingo, 22. O evento online é direcionado para o público sênior 50+ e ao mercado que atende a esse segmento e tem como temática central a maturidade no cenário durante e pós-Covid-19. Para participar e interagir com os speakers, enviando perguntas pelo WhatsApp, basta acessar o site www.longevidade.com.br. As inscrições são gratuitas.
Serviço: Longevidade Expo+Fórum 2020 – MARATONA DIGITAL
Data: | 20 a 21 de novembro de 2020, das 9 às 21 horas.
22 de novembro de 2020, das 9 às 13 horas. |
Onde: | Plataforma do evento, com transmissão simultânea pelo Facebook e YouTube, além de redes sociais dos apoiadores e patrocinadores. |
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