Ícone de uma geração abençoada
Redação e edição
Analu Oliveira – 80+
Paulinho, mestre do samba, chega aos 80 e diz: “Meu tempo é hoje”
Paulinho da Viola completa 80 anos, neste 12 de novembro e para comemorar ele estará dia 11 de novembro, sexta-feira, no palco do Qualistage, na Barra, presentão para o Rio de Janeiro. O show de aniversário contará com os fiéis companheiros de banda de Paulinho, como Celsinho Silva (pandeiro e voz) e Hércules (percussão), além dos filhos João e Beatriz Rabello.
O roteiro não será cronológico, pois ele não vê sentido em organizar o tempo dessa forma. Mas músicas do início da carreira com certeza estarão no show como “Minhas madrugadas” (feita com Candeia) e “Canção para Maria”, a primeira parceria com Capinan.
Em outro espaço, no Teatro Claro (RJ) a cantora Teresa Cristina celebra os 80 anos do sambista e os 20 anos do álbum duplo “A Música de Paulinho da Viola”, dela com o Grupo Semente. Serão 21 canções entre as quais: Pecado Capital, Dança da Solidão, Para Ver as Meninas e Coração Leviano.
O garoto que nasceu no bairro de Botafogo (mas afirma ser vascaíno), cresceu com ouvidos atentos ao conjunto Época de Ouro, conheceu o samba na União de Jacarepaguá e depois chegou à Portela, sua paixão.
Imaginem vocês o que foi somar esse batuque sambista com a elegância do choro, além da companhia de pesos-pesados como Monarco, Nelson Cavaquinho, Manacéa, Elton Medeiros e Walter Alfaiate. Disso tudo vieram as pérolas musicais como “Argumento”, “Coração leviano”, “Para um amor no Recife”, “Para ver as meninas”, “Eu canto samba”, “Timoneiro” e tantas outras, sempre com aquela delicadeza de voz e o carisma inegável de Paulinho.
Conhecido também como “a nobreza do samba”, Paulinho faz parte dos músicos oitentões que estão mais vivos do que nunca, com as carreiras a pleno vapor, belo exemplo de alma eternamente jovem.
Caetano (07/08),Milton(26/10) e Paulinho (11/11)
Muitos Vivas a Paulinho que faz questão de afirmar: “A vida é isso. Se eu fosse falar alguma coisa, seria para agradecer por tantas coisas legais que aconteceram, pelas oportunidades que eu tive”
Confira o link com 40 sucessos de Paulinho da Viola
Sobre Paulinho da Viola
Paulo César Batista de Faria nasceu no dia 12 de novembro de 1942, no Rio de Janeiro, no bairro de Botafogo. É violonista, cavaquinista, bandolinista, cantor e compositor de samba e choro, conhecido por suas harmonias sofisticadas e voz suave e gentil. Paulinho é baluarte da Portela. É pai de sete filhos de 3 casamentos e avô de sete netos.
Paulinho é o filho mais velho do violonista Benedicto Cesar Ramos de Faria, que foi integrante da 1ª. formação do grupo de choro Época de Ouro e desde pequeno gostava de ouvir choros e sambas. Assim, teve a oportunidade de conviver com grandes chorões da época, como Pixinguinha, Jacob do Bandolim e Dilermando Reis, entre outros. Ganhou do pai um violão e aprendeu a tocar sozinho, aos 15 anos.
Com o tempo, envolveu-se com carnaval e organizou com amigos o bloco carnavalesco Foliões da Rua Anália Franco, endereço que frequentava na casa da tia Trindade. Depois ingressou na ala de compositores da escola de samba União de Jacarepaguá e, como cavaquista, compôs em 1962 “Pode Ser Ilusão”, um de seus primeiros sambas.
Com 19 anos, Paulinho conseguiu seu primeiro emprego como contador em uma agência bancária do centro do Rio e estudava economia. Em um dia de trabalho, viu Hermínio Bello de Carvalho, a quem conhecia de vista dos saraus na casa de Jacob do Bandolim, entrar no banco para pagar uma conta e – depois de uma rápida conversa – aceitou o conselho de se dedicar à música e deixou o emprego.
Daí para a frente, conheceu os músicos Anescar do Salgueiro, Carlos Cachaça, Cartola, Elton Medeiros, Nelson Cavaquinho e Zé Ketti e começou a ensaiar composições originais com Hermínio, um de seu primeiros parceiros musicais e grande incentivador de sua carreira.
Em 1964, seu primo Oscar Bigode, que era diretor de bateria da Portela, o apresentou para a ala de compositores onde Paulinho mostrou a primeira parte de um samba que fazia e que Casquinha, um dos compositores portelenses, havia gostado e completado com a segunda parte. Surgiu aí “Recado”.
Já em 1965, participou do musical “Rosa de Ouro” – que marcou o retorno de Araci Cortes e lançou Clementina de Jesus – que culminou na gravação do LP Rosa De Ouro Vol.1, pela Odeon. Na sequência, veio o LP Roda de Samba, da Musidisc. Nessa gravadora Zé Ketti organizou o conjunto A Voz do Morro, composto por integrantes do conjunto Rosa de Ouro: Anescar do Salgueiro, Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho, Nelson Sargento,Paulinho, Oscar Bigode, Zé Cruz e o próprio Ketti. Foi nesse processo que Paulinho foi rebatizado com seu nome artístico: Paulinho da Viola, por um integrante da gravadora. No disco estão as composições “Coração vulgar”, “Conversa de malandro” e “Jurar com lágrimas”.
Torcedor do Vasco da Gama, participou do show comemorativo dos 113 anos do clube, onde apresentou as músicas “Coração Leviano” e “Foi um Rio que Passou em Minha Vida”.
Paulinho é da segunda geração de ouro da música brasileira, a mesma de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Edu Lobo, Chico Buarque e muitos outros. Todos tiveram infâncias e adolescências marcadas pelo rádio em casa, sobretudo a Nacional, que fez brilhar esses talentos incríveis!!!
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(Imagens: Divulgação)