Redação e edição
Analu Oliveira – 80+
Que pressão absurda é essa? É preciso atingir a perfeição mesmo que o desgaste emocional seja enorme?
Esse é um assunto que merece reflexão. A “obrigação” de não cometer erros na verdade existe porque queremos aprovação, seja profissional ou pessoal. É o medo da rejeição, que causa enorme angustia que pode afetar gravemente a saúde física e mental.
A psicóloga Ana Karla Silva Soares, professora de Psicologia na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) coordena o Núcleo de Pesquisa em Psicometria e Psicologia Social (NPPS), onde o perfeccionismo é um dos temas mais estudados. Nas pesquisas, os resultados demonstraram que o perfeccionismo está associado a outras variáveis psicológicas como autoestima, procrastinação e síndrome do impostor – sentimento de que é uma fraude e que o sucesso não se deve a nossa habilidade, mas sim a fatores externos como a sorte.
Diz ela: “ Uma criança que tem a sensação de nunca satisfazer os padrões elevados almejados pelos seus pais, pode ter a saúde psicológica comprometida pelo resto da vida com estresse, ansiedade e até mesmo depressão.
Perfeccionismo leva ao estresse e até à depressão. Fuja!
Quem leva o perfeccionismo ao extremo pode ter Transtorno de Personalidade Obsessiva-compulsiva (TPOC). A pessoa com TPOC tem uma necessidade enorme de controle e por isso leva uma vida caracterizada pela rigidez, explica a neuropsicóloga Priscila Covre. O TPOC é diferente do Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), que tem como base a ansiedade.
O perfeccionismo atrapalha a sua vida? Faça o teste
Veja abaixo os aspectos negativos do perfeccionismo e caso se identifique com algum deles, vamos lá: flexibilidade é a palavra-chave. Passe a valorizar as pequenas conquistas e seja feliz!
- Você determina metas irreais ou indefinidas e nunca está satisfeito com suas conquistas. Para você, é tudo ou nada: como seu padrão é muito elevado, você não se contenta com pequenos avanços.
- Você é inflexível, rígido: se não for para fazer do seu jeito, “bem-feito”, você não aceita.
- Você tem um carrasco interno que está sempre focado nos seus erros e imperfeições. Sua autocrítica é impiedosa. Você vive numa eterna cobrança sobre o que “deveria” fazer para ser ainda melhor.
- Você tem dificuldade de delegar tarefas e só gosta do seu jeito de fazer as coisas. Seu relacionamento com outras pessoas – família, colegas e amigos – também é prejudicado por esse olhar crítico e exigente.
- Você procrastina as suas tarefas, empurra com a barriga, porque só vai ter coragem de encará-las na última hora, com a pressão do prazo.
- Você não consegue tirar projetos do papel ou demora muito para fazê-lo, já que está sempre presa nos mínimos detalhes.
- Você fica ansioso e desanimado por conta de uma ou mais dessas situações citadas
Perfeccionistas ficam agressivos no relacionamento
Pois é. Você precisa ganhar o melhor salário da empresa, fazer o melhor trabalho de faculdade, criar o blog perfeito, escrever a melhor dissertação do mundo, ser a mãe, pai, avó ou avô mais impecável que já andou pela face da Terra, atender tudo que pedirem, agradar todo mundo, ganhar a medalha de ser humano exemplar e ainda conseguir fazer exercícios físicos, se alimentar bem e contribuir para a comunidade.
E por conta disso tudo, muitas vezes você acaba por desistir de um projeto por medo de errar. Vamos lá, arregace as mangas e “mande ver”. Você vai errar, cair, levantar, quantas vezes for preciso. E conseguirá fazer muita coisa boa, que não precisa ser perfeita.
Não tenha medo de errar!
Feito é melhor que perfeito!
Fontes:
Patrick Pedreira
Psicotrainer
(Imagens: Divulgação)