Matéria publicada no Instituto da Longevidade, indica que, segundo o Censo, o Brasil está envelhecendo. O cenário atual indica que, em breve, teremos um país com menos jovens e cada vez mais pessoas idosas. Mas esse não é o único dado preocupante. O país está cada vez mais feminino devido à alta mortalidade dos homens. O envelhecimento masculino passa por uma crise e enfrenta diversos desafios.
O envelhecimento da população traz impactos sociais, econômicos e principalmente pelo sistema de saúde. A criação de novos espaços e a melhoria da infraestrutura urbana será altamente necessário. Além disso, esse cenário exige o aprimoramento da mobilidade e mais áreas dedicadas ao lazer e bem-estar da população idosa.
Os desafios do envelhecimento são enormes. No quesito saúde, esse processo natural aumenta a probabilidade de doenças crônicas e comorbidades. O que é uma realidade amplamente reconhecida por cientistas e profissionais da saúde. Não é surpreendente que o avanço da idade esteja diretamente associado a um aumento significativo na incidência de câncer em indivíduos. Quando o assunto é o envelhecimento masculino, os desafios são ainda maiores.
A relação entre o envelhecimento masculino e os cuidados com a saúde
Segundo a especialista em gerontologia, Maria Angélica Sanchez, a expectativa de vida das mulheres é um pouco mais elevada do que a dos homens. Isso porque, provavelmente, as mulheres tendem a cuidar mais da saúde e a começar esse cuidado mais cedo.
“Culturalmente a mulher começa ir ao médico muito mais cedo do que os homens para fazer as suas prevenções. Muito provavelmente a mulher tenha melhores condições de vida e vida mais do que os homens por isso”, diz a especialista.
A falta de prevenção e de cuidados com a saúde dos homens reflete um envelhecimento masculino prejudicado. O Censo revela que a mortalidade masculina é alta em todas as idades, até melhor durante a velhice.
Os altos índices de morte, porém, envolvem situações além da saúde. Questões biológicas, costumes e hábitos distintos em comparação com as mulheres são um diferencial. Além disso, os homens têm uma taxa de mortalidade mais elevada devido a causas não naturais, como homicídios e acidentes.
Prevenção da saúde para um envelhecimento masculino saudável.
O urologista, uro-oncologista e presidente da Associação Latino-americana de Uro-oncologia, Marcelo Bendhack, em seu artigo para a Veja, defende que a conscientização para os mecanismos de prevenção e de rastreamento é um dos caminhos a seguir.
Quando o assunto é câncer de próstata, por exemplo, o especialista afirma que é preciso entender a importância do rastreamento para detectar sinais de câncer antes que o paciente manifeste sintomas. Algo que requer uma avaliação cuidadosa dos benefícios em relação aos riscos desses exames.
O câncer de próstata é um dos que mais mata homens no Brasil. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), para 2020, 15.841 óbitos por esse tipo de doença ocorreram no país. Para Bendhack, afirmar simplesmente que “não é indicado para pessoas assintomáticas, a menos que o homem tenha histórico de câncer na família ou fatores de risco” pode ser um equívoco. A interpretação generalizada dessa mensagem pode levar à negligência quanto à relevância dos exames de rotina.
(Texto: Instituto da Longevidade / Imagens: divulgação)