Iniciativa da Longevidade Expo e da Rede de Longevidade reuniu grandes nomes em um amplo debate sobre diversidade
O orgulho é um sentimento propulsor para o ser humano, ele remete a afirmação, diversidade, conquista, pertencimento e defesa de uma causa. Vários movimentos se utilizam desse substantivo para destacar suas pautas, como é o caso do Dia do Orgulho LGBTQIA+. Diante disso, entusiastas e defensores da longevidade ativa vem disseminando cada vez mais o Orgulho Gray, uma nova forma de dar visibilidade e acolhimento às questões da sexualidade e da diversidade no envelhecimento.
“Orgulho Gray – O encontro da longevidade e da diversidade” foi um dos painéis mais concorridos da edição de 2022 da Longevidade Expo+Fórum. O painel marcou o lançamento da causa que busca reafirmar a orientação sexual na vida sênior e exaltar todos os tipos de diversidade.
Vera Ronzella, drag queen 50+, expôs durante o encontro o sofrimento e os tabus que as pessoas longevas LGBTQIA+ sofrem na sociedade. “Os longevos desse grupo tendem a voltar para o armário quando envelhecem, pois a sociedade não os acolhe, não os entende. Tem questões sociais e religiosas envolvidas, que desencorajam essas pessoas. É algo sério e que precisa ser abordado”, explica.
O painel foi mediado por Mariza Tavares, jornalista e autora do livro “Longevidade no cotidiano: a arte de envelhecer bem”. A jornalista trouxe para o palco a realidade e os desafios da longevidade no Brasil diante de várias perspectivas. Uma das convidadas foi Mona Rikumbi, a primeira mulher negra cadeirante a dançar no Theatro Municipal de São Paulo.
Rikumbi dividiu suas experiências com os presentes e falou sobre as dificuldades de envelhecer em um país desigual e estruturalmente racista. “No extremo da zona sul de São Paulo, a expectativa de vida das mulheres é 52 anos, enquanto em bairros nobres como Higienópolis é de 72 anos. E acreditem se quiser, a expectativa de vida das mulheres negras hoje supera em apenas quatro anos a do período da escravidão”.
De acordo com Antônio Carvalho Júnior, diretor da Longevidade Expo+Fórum, na comunidade LGBTQIA+ os números também são preocupantes. Os homens pertencentes a esse grupo têm uma expectativa de vida de 35 anos. “Eu sou privilegiado, já avancei quase 20 anos acima dessa expectativa. Então, cabe a nós, privilegiados, usar bem essa longevidade para pensar no futuro dessas pessoas”, destaca Júnior.
Futuro esse que preocupa. André Almada, empresário, cofundador do grupo The Week e representante da iniciativa ‘Orgulho Grey’, falou sobre a preocupação com o público LGBTQIA+ na longevidade. “Quando vemos que o Brasil é o país que mais mata essa população no mundo, me preocupa muito. Sabemos que grande parte dos homossexuais saíram de casa cedo, não possuem família e às vezes nem renda fixa. É preciso criar uma rede de apoio e proteção para acolher essas pessoas na maturidade”.
Movimento E.l.u.s – Michelle Queiroz, fundadora e diretora-presidente da Rede Longevidade, apresentou à plateia o Movimento E.l.u.s – Educação e Longevidade unindo a sociedade. Essa é uma iniciativa da Rede Longevidade que busca promover e disseminar informação sobre a importância da longevidade ativa no país. “A longevidade precisa ser discutida e planejada. Precisamos falar de longevidade em todos os lugares, inclusive nas escolas”, afirmou Queiroz.
Prêmio Pró-Longevidade – Anualmente, a Rede Longevidade homenageia personalidades que ajudam a impulsionar a causa. Na edição de 2022, a homenageada foi a empresária Luiza Trajano. “Trabalhamos a longevidade na Magazine Luiza há muito tempo, não definimos idade limite para ingressar na empresa. Estamos, inclusive, com um projeto novo que busca empregar pessoas 50+ no SAC. Essas iniciativas são importantes porque essas pessoas precisam trabalhar e, além disso, temos que mudar a realidade do mercado, que impede que as pessoas sejam ativas na longevidade”. A empresária destacou ainda a importância da reformulação de políticas públicas que contribuam para a melhora e qualidade de vida da diversidade e da longevidade.
O encontro terminou com um depoimento emocionante. Alexandre Kalache, médico, gerontólogo e o primeiro a receber o prêmio da Rede Longevidade, também reforçou a necessidade da inclusão da diversidade nos espaços de discussão ligados à longevidade e dividiu um pouco de sua história de vida com a platéia. “Eu fui casado, tenho filhos e depois de muitos anos encontrei meu parceiro. Eu nunca pensei que eu pudesse vir a ter esse orgulho, pois, para minha geração, sair do armário é algo muito difícil. Hoje, a mesma garra que tenho em lutar pela longevidade, eu tenho em me recusar a voltar para o armário”, afirmou Kalache.
A Longevidade Expo+Fórum 2023 já tem data para acontecer: de 29 de setembro a 1º de outubro no Expo Center Norte, em São Paulo.
Veja a íntegra deste painel e de toda a programação da Longevidade 2023 no canal do evento no Youtube.
(Texto: Aline Porfírio / Foto: Divulgação)